Metrô do Recife: futuro do Metrô do Recife será a concessão pública, diz governadora Raquel Lyra
Governadora garantiu que a solução para o sistema é prioridade para o Estado e que busca a garantia dos metroviários no serviço público federal
Não é mais novidade que todos os caminhos na busca de uma solução para a crise do Metrô do Recife levam à concessão pública da operação, popularmente definida como privatização (embora não seja porque privatizar significa vender de vez, o que não seria o caso).
Mas, na semana passada foi a vez da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), reforçar essa solução para o sistema metropolitano, que sofre com a queda da demanda de passageiros, poucos investimentos em infraestrutura e tarifa mais cara que a dos ônibus.
Raquel Lyra afirmou que o futuro do Metrô do Recife deverá ser, sim, a concessão privada e que o Estado está disposto a colaborar com o processo, realizando a estadualização do sistema. E garantiu, mais uma vez, que o governo estadual também está atento a deixar os metroviários protegidos de possíveis demissões, garantindo a permanência no serviço público federal.
A governadora também afirmou ser esperado que o governo federal invista recursos na ordem dos R$ 3 bilhões no Metrô do Recife para garantir as futuras parcerias do sistema. Disse que o futuro do metrô é fundamental para a gestão estadual, por entender a importância do sistema no transporte público da Região Metropolitana do Recife.
E que voltará a Brasília e ao Rio de Janeiro em breve, passadas as eleições, para cobrar e tratar das soluções com o governo federal via Casa Civil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Existia um contrato com o BNDES, o governo de Pernambuco e o governo federal para modelar uma concessão, uma Parceria Pública Privada (PPP), para o Metrô do Recife, mas essa concessão não avançou no governo anterior. O que o governo federal tem nos apontado é que vamos avançar numa solução para o sistema, seja ela qual for, e a gente acredita que deve ser mediante concessão”, disse Raquel Lyra.
“Queremos destacar que o metrô é primordial para o transporte público da RMR. E temos visto o governo federal comprometido com uma solução. Eles garantiram alguns milhões para recuperação da infraestrutura (R$ 196 milhões via Novo PAC) - quantia que é absolutamente insuficiente, mas já é um gesto - e têm dado a garantia de um aporte de recursos na ordem de R$ 3 bilhões, quantia necessária para manter qualquer tipo de parceria em pé”, seguiu afirmando.
“O Estado de Pernambuco está disposto a fazer parte da solução para o Metrô do Recife, seja ela qual for. E também estamos atentos à garantia de salvaguarda dos trabalhadores metroviários no âmbito do governo federal. Estávamos esperando passar as eleições para voltarmos à Brasília e ao Rio de Janeiro onde visitaremos a Casa Civil e o BNDES, para tocarmos as parcerias que temos construído com eles. Já fui 55 vezes a Brasília e irei mais uma”, disse.
Raquel Lyra, entretanto, não deu prazos. “Não acredito que conseguiremos um desfecho até o fim do ano, mas posso garantir que a gente está muito mais perto do que longe”, finalizou. As declarações sobre o futuro do Metrô do Recife foram dadas pela governadora Raquel Lyra durante o lançamento do PE na Estrada, o programa de recuperação da malha rodoviária do Estado com a assinatura da gestão Raquel Lyra. Os investimentos totais - incluindo recursos federais - somam R$ 5,1 bilhões e vão requalificar e construir 3,5 mil quilômetros de estradas em todas as regiões do Estado: do Litoral ao Sertão. O lançamento aconteceu no dia 23/10.
CASA CIVIL CONFIRMOU A OPERAÇÃO PRIVADA DO METRÔ DO RECIFE
O Metrô do Recife será, de fato, concedido à iniciativa privada. Logo e por 30 anos. Essa é a intenção, sim, do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo federal confirmou que a intenção da gestão é a concessão pública do sistema de transporte sobre trilhos da Região Metropolitana do Recife, que sofre sem recursos mínimos para operação há quase dez anos e, principalmente, nos últimos seis.
A confirmação é da Casa Civil da Presidência da República, que explicou as metas do projeto de privatização do Metrô do Recife em resposta oficial encaminhada à Coluna Mobilidade. “O projeto do sistema de metrô da Região Metropolitana de Recife/PE tem por principal objetivo a concessão à iniciativa privada da prestação dos serviços de trens de passageiros. Seu escopo abarca a reforma, atualização e modernização da estrutura e equipamentos instalados, assim como a operação dos serviços, em um contrato de parceria de 30 anos”, afirmou a Casa Civil.
O discurso argumentativo do governo federal, inclusive, é que a intenção do projeto de concessão pública é qualificar a infraestrutura para que o serviço prestado aos passageiros melhore. Atualmente, o Metrô do Recife tem intervalos de 20 minutos, inclusive nos horários de pico, quando é comum passar dos 10 minutos. O sistema está perigoso, os trens estão velhos, sucateados e a refrigeração não dá mais conta. Ou seja, o usuário do metrô só sofre e ainda paga caro: R$ 4,25, valor maior do que o dos ônibus, de R$ 4,10.
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O governo federal também garante que o projeto de concessão pretende manter o valor da passagem. “O objetivo é que os 335 mil pessoas (essa quantia foi informada pela União, mas seriam 200 mil, segundo a CBTU-Recife) que utilizam o sistema de transporte tenham mais qualidade de vida e menos tempo gasto nos seus deslocamentos, com maior segurança e regularidade e manutenção da mesma estrutura tarifária vigente”.
ARRUMADA NO METRÔ DO RECIFE ANTES DA PRIVATIZAÇÃO
Também de acordo com a Casa Civil, o Metrô do Recife sofrerá melhorias em sua infraestrutura antes de ter a operação privatizada. A Casa Civil não falou, ainda, em valores, mas confirmou que investimentos serão feitos.
“As intervenções previstas na concessão envolvem investimentos para melhorias e maior eficiência operacional, por meio de reforma de estações, compra de trens novos e diversas atualizações tecnológicas, resultando em melhoria da qualidade do serviço prestado à população, mais conforto, acessibilidade, segurança e maior regularidade nas viagens”, explicou.
E seguiu informando que os estudos da futura concessão pública do Metrô do Recife continuam em andamento e que tudo será submetido à consulta pública quando a decisão administrativa for tomada. “Os estudos encontram-se em curso e todos os seus documentos, bem como aqueles necessários para a realização do leilão serão submetidos à consulta pública, momento em que os interessados poderão enviar sugestões ao processo. Portanto, novas diretrizes para a modelagem dos estudos da CBTU serão divulgadas tão logo ocorra uma deliberação formal das instâncias governamentais competentes”.
ESTUDO DE CONCESSÃO ESTÁ SENDO REFEITO, MAS COM A MESMA LÓGICA DO ANTERIOR
É pouco provável que o cenário de levar o Metrô do Recife à operação privada mude. Um estudo de concessão pública do Metrô do Recife já tinha sido feito entre 2019 e 2022, inclusive com participação e validação do governo de Pernambuco, que tinha o PSB à frente da gestão.
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E agora está sendo refeito também pelo BNDES com recursos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - R$ 4 milhões. Os novos estudos começaram em agosto de 2023 e estão perto da conclusão. A execução é do BNDES, responsável por todo o processo técnico.
Os estudos, inclusive, teriam novas premissas diferentes da orientação dada na primeira análise realizada também sob coordenação do BNDES, a partir de 2019, ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Há informações extra-oficiais, inclusive, de que uma subsidiária da CBTU já teria sido criada pelo governo federal.
ENTENDA O PROCESSO DE OPERAÇÃO PRIVADA DO METRÔ DO RECIFE
O processo de estadualização e concessão pública do Metrô do Recife seria iniciado ainda em maio de 2022. A modelagem e os valores foram apresentados ao Ministério da Economia no fim de 2021 e já tinham sido validados pela equipe técnica que está à frente dos estudos.
O governo de Pernambuco seria o gestor do futuro contrato de concessão pública do Metrô do Recife, no valor de R$ 8,4 bilhões e com validade de 30 anos. Desse total, R$ 3,8 bilhões seriam aportes públicos para reerguer o sistema e cobrir a diferença entre receita tarifária e despesa de operação.
Sendo, R$ 3,1 bilhões mobilizados pelo governo federal e R$ 700 milhões pelo governo de Pernambuco. E, dos R$ 3,1 bilhões bancados pela União (Ministério da Economia), R$ 1,4 bilhão seriam recursos que ficariam guardados para serem utilizados pelo Estado ao longo do contrato de concessão pública.
O R$ 1,4 bilhão seria a reserva para garantir o equilíbrio econômico financeiro do contrato, já que os estudos realizados em dois anos já apontaram que a receita gerada pela demanda de passageiros do Metrô do Recife não seria suficiente para cobrir o custo de operação.
O modelo a ser adotado pelo governo do Estado seria de concessão pública simples, sem contrapartida financeira ao longo do contrato. Mas tudo foi engavetado pelo então governador de Pernambuco (PSB), Paulo Câmara, às vésperas das eleições estaduais e a pedido dos metroviários.
METRÔ DO RECIFE ATENDE A QUATRO CIDADES DA REGIÃO METROPOLITANA
O serviço de transporte metroferroviário operado pela CBTU em Pernambuco atende aos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Cabo de Santo Agostinho, compreendendo 3 linhas em operação, 36 estações e 71,5 km de extensão, dos quais 37,8 km são eletrificados e 33,7 km não-eletrificados (a diesel).
Vale lembrar que a CBTU, assim como a Trensurb (metrô de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul), foi incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. As atividades do PPI são atribuições da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI), ligada à Casa Civil da Presidência da República.