OPINIÃO

Bolsonaro está brincando de esconde-esconde com o STF

Ministro Celso de Mello pediu que a Presidência encaminhe ao STF a gravação de uma reunião onde, segundo Moro, o presidente Jair Bolsonaro deixava claro que estava em campanha para trocar o diretor da PF no Rio de Janeiro

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 08/05/2020 às 12:34 | Atualizado em 08/05/2020 às 12:36
Foto: Agência Brasil
A avaliação no Palácio do Planalto é que a prisão do ex-assessor parlamentar em um endereço ligado ao advogado do presidente colocou o caso da "rachadinha" dentro do Palácio do Planalto. - FOTO: Foto: Agência Brasil

Eu não sei se é do seu tempo, mas no Sertão do Pajeú, onde passei boa parte da infância, tinha uma brincadeira que a gente adorava participar que era o esconde-esconde.

Fosse pelo desafio de localizar o maior número possível dos amigos que compartilhavam a brincadeira ou mesmo pelos lugares mais inusitados em que eles se escondiam.

Um dos participantes da brincadeira, de tanto inovar, acabou se escondendo atrás do portão do cemitério. Eu não sei se ele continua corajoso até hoje - que pena que nunca mais tive contato com ele - mas a partir daquela noite ele virou o meu herói de carne e osso (mais osso do que carne de tão magro que era), mas pense num “cabra” corajoso!

Eu puxei pela memória e falar dessa brincadeira de esconde-esconde lá em Carnaíba, e digo que avalio que o Palácio do Planalto está brincando de se esconder com o Supremo Tribunal Federal.

Foi feito um pedido do ministro Celso de Mello que a Presidência da República encaminhe ao STF a gravação de uma reunião ministerial onde, segundo contou o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o presidente Jair Bolsonaro deixava claro que estava em campanha para trocar o diretor superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Segundo o ex-ministro, o presidente teria dito: “Moro você tem 27 Superintendências [uma em cada estado], eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”.

Primeiro o Planalto negou que tivesse o vídeo, depois admitiu a gravação, mas como havia ali temas sensíveis, tratados no encontro, seria prudente mandar (ao STF) apenas uma parte da fita.

O Supremo rejeito a “oferta”, para - em seguida - o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, afirmar que “nem toda reunião ministerial é gravada (…) nem todos os assuntos ficam registrados” e por isso mesmo, vai ser difícil cumprir o pedido de Celso de Mello.

Como na contagem regressiva que a gente fazia até tirar as mãos do rosto, abrir os olhos e sair em desenfreada carreira para encontrar a maior quantidade de meninos escondidos, no Planalto o relógio parece andar mais acelerado. E o governo está impaciente.

Pense nisso!

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