Bolsonaro pode ter votos, mas lhe falta vocação e traquejo para o cargo de presidente

Um presidente da República não tem o direito de governar o país como se fosse um grupo de "tiozinhos" que organizam um churrasco pelo WhatsApp
Romoaldo de Souza
Publicado em 05/05/2020 às 7:22
Bolsonaro já tinha anunciado os resultados negativos em redes sociais, mas se recusava a mostrar os laudos em si. Foto: Agência Brasil


O presidente da República tem direito a privacidades que o cargo lhes reserva como por exemplo andar com um cartão de crédito, sem limite, pago pelo contribuinte. Ele não precisa dar satisfação de como gastou o dinheiro e nem tem que fazer prestação de contas. Está na regra.

Agora, o que o presidente Jair Bolsonaro faz dentro do Palácio do Planalto tem de ser feito com absoluta transparência. É bem verdade que sua excelência não é dada a seguir a liturgia do cargo. Ele precisa se comportar como um chefe de governo e não um adolescente que faz birra para acuar os pais e conseguir a última versão do videogame. Isso ele não pode. Não pode e se o Ministério Público fosse um pouco mais zeloso com as atribuições constitucionais já teria enquadrado o presidente.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro recebeu no gabinete, por 25 minutos, o coronel da reserva do Exército, Sebastião Curió. Conhecido como Major Curió, o militar foi denunciado pelo Ministério Público Federal por homicídio e ocultação de cadáveres entre os anos de 1964 e 1970, na conhecida Guerrilha do Araguaia. O próprio Curió concedeu entrevista a um jornal de São Paulo dizendo que 41 pessoas foram executadas pelo Exército.

Pois foi com este currículo que Sebastião Curió chegou ontem ao Palácio do Planalto, numa cadeira de rodas, trajando terno escuro, camisa branca e cabelos pretos. Alinhado.

O que é estranho nessa história toda é que o presidente da República recebeu o militar e escondeu da agenda, durante todo o dia. À noite, depois que a imprensa revelou o encontro é que a assessoria da Presidência inseriu a reunião nos compromissos presidenciais, sem informar o que foi conversado.

Já está mais do que claro que Jair Bolsonaro pode ter votos, mas lhe falta vocação e traquejo para o cargo. Um presidente da República não pode, não tem o direito de governar o país como se fosse um grupo de “tiozinhos” que organizam um churrasco pelo WhatsApp e aproveitam a rede social para contar piadas de gosto duvidoso.

Pense nisso!

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