Com troca de favores, Bolsonaro reinventa a escuridão dos conchavos

Romoaldo de Souza
Publicado em 07/05/2020 às 7:19
POPULISTA Pensador português João Pereira Coutinho analisa o Brasil de Bolsonaro Foto: EVARISTO SA/AFP


O pintor francês Paulo Gustave Doré (1832 - 1883) retratou, como poucos, o momento em que, segundo a Bíblia, o criador - com seu mágico condão - faz surgir o mundo e tudo o que passamos a conhecer. O quadro “A Criação da Luz” é das formas profanas um dos mais encantadores relatos do instante da divindade, contado no Livro do Gênesis, que ficou conhecido como o “Fiat Lux”. Faça-se a Luz.

 

 

No princípio, era um governo que assumia com o discurso de não repetir as trapalhadas anteriores. Era um governo que garantia estancar a roubalheira nos cofres públicos, como a que dilapidou o patrimônio da Petrobras. Era um governo que bradava aos quatro cantos da Esplanada dos Ministérios que nenhum cargo público seria trocado por favores.

Olhando uma fotografia feita pelo brilhante Orlando Brito, aquele mesmo que foi agredido pelos correligionários do presidente da República, eu puxei pela memória a pintura de Doré e cheguei à conclusão que em vez de faça-se a luz, o governo de Bolsonaro reinventa a escuridão dos conchavos.

E o que retrata Brito? A chegada ao Palácio do Planalto de dirigentes do Progressistas, legenda que no passado chamava-se PP e era figura carimbada em 10 de cada 10 esquemas de corrupção no país.

De Doré a Orlando Brito 140 anos se passaram. Mas cada um deles retratou o que viu, o que imaginou. No atual governo a tônica dos próximos dias será a repetição de cenas já vistas em outros momentos. Aquela do é dando que se recebe!

Pense nisso!

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