Ministro Nelson Teich deve estar pensando: "onde é que fui amarrar minha égua?"

Jair Bolsonaro quer incluir um remédio chamado de Cloroquina nos protocolos do Ministério da Saúde para o enfrentamento do coronavírus, só que Teich não concorda em transformá-la em um remédio que vai curar todo mundo que pegou a covid-19
Romoaldo de Souza
Publicado em 15/05/2020 às 7:57
"Ter divergência não é ter conflito, por isso que a saída foi confortável', disse Foto: MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL


Toda cidade do interior tem um bêbado. Uma personagem bêbada que fica pedindo pinga a quem passa. O bêbado bebe uma, bebe duas, 10 lapadas e já sem argumento, decide ir embora pra casa.

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Quase desequilibrando, o bêbado pega no cabresto da égua, toma impulso e quando não cai do outro lado, senta-se no lombo do animal que vai pra casa sem errar a estrada.

Acontece que no meio do caminho o bêbado resolve fazer mais uma parada. Ele promete à égua que é a última. Vai no tronco mais próximo, dá uma volta com a corda e entra na bodega.

Quando vai pedir o último rabo-de-galo ouve um sonoro não, “a casa não vem trago para quem já passou do limite”, grita o dono do boteco. O bêbado para, olha os quatro cantos do estabelecimento e lamenta baixinho: onde é que eu fui amarrar minha égua.

Que é o mesmo que dizer: onde foi que eu me meti.

Olhando ontem, o ministro da Saúde Nelson Teich, que está há uma semana sendo desautorizado pelo presidente da República, eu me lembrei desse ditado popular que chegou ao Brasil trazido pelos portugueses.

O ministro deve ter pensado: “onde é que fui amarrar minha égua”.

Tudo porque Jair Bolsonaro quer incluir um remédio chamado de Cloroquina nos protocolos do Ministério da Saúde para o enfrentamento do coronavírus: “o presidente sou eu e meus ministros têm que estar afinados comigo”, advertiu.

Só que o ministro da Saúde não concorda em transformar a Cloroquina num remédio que vai curar todo mundo que pegou a doença.

Teich chegou a advertir que “cientificamente não estão comprovados os benefícios do remédio” e que “o médico precisa alertar os paciente dos efeitos colaterais da Cloroquinha.

Ou seja, ou Jair Bolsonaro frita o ministro da Saúde e Nelson Teich deixa a Esplanada dos Ministério repetindo o ditado popular: onde é que fui amarrar minha égua ou o presidente da República enquadra o ministro e tudo não passou de uma trapalhada sem tamanho.

Pense nisso!

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