Eu morro e não me acostumo com certos comportamentos que de tão corriqueiros estão cada vez mais banalizados, e não me venham dizer que esse costume é fruto das desigualdades sociais porque não o é.
Ontem, um caminhão carregado com cerveja tombou em Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife, e em um tempo recorde de 15 minutos a carga tinha sido saqueada.
Também acompanhei semelhante situação, duas semanas atrás, quando outro veículo trafegava na BR-153, no município de Hidrolância, no Norte de Goiás, carregado de melancia. Antes da chegada dos primeiros socorros para tirar o motorista que estava preso nas ferragens, a carga tinha sido consumida.
Eu faço a inquietante pergunta: por quê? Por que as pessoas têm esse comportamento? Nos dois acidentes é possível constatar que motoristas, motociclistas e ciclistas se misturavam com moradores da região e comemoram alegremente como se estivessem no Dia de São Cosme e São Damião, participando da distribuição de confeitos e guloseimas. Mas não era. O que vimos foi roubo. Foi saque.
“Ah, tava lá espalhado pelo chão, mesmo. Não é de ninguém. Eu peguei”, disse um jovem montado numa surrada motocicleta. E se fosse com ele. E se aquele “motoboy” sofresse um acidente e em minutos levassem os destroços da moto?
O historiador britânico Edward Thompson (1924-93) chama esse comportamento de economia moral, quando alguém se mistura na multidão com o pretexto de defender seus próprios direitos: “os homens e as mulheres da multidão estavam imbuídos da crença de que estavam defendendo direitos ou costumes tradicionais; e de que, em geral, tinham o apoio do consenso mais amplo da comunidade”.
Sabe o que é isso? É falta de educação, de caráter!
Pense nisso!