Opinião

Do Império à República aos dias de hoje, a corrupção está presente da extrema esquerda à direita

O Brasil foi ultrapassado pela Argentina e caiu para o 6º lugar, entre os países latino-americanos no Índice de Capacidade de Combate à Corrupção. O Brasil ficou mais corrupto. Leia a opinião de Romoaldo de Souza

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Romoaldo de Souza

Publicado em 15/06/2021 às 6:55 | Atualizado em 15/06/2021 às 7:18
Análise
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Que o Brasil sempre flertou com a corrupção e frequentes desvios éticos isso a gente encontra desde a carta de Pero Vaz de Caminha (1450 — 1500), quando o escrivão narrava ao rei de Portugal como foram as agruras da viagem e as primeiras impressões do que encontrou por aqui e pede um favorzinho para soltar o genro, Jorge de Osório, preso na ilha de São Tomé.

“E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que Dela receberei em muita mercê.”

Do Império à República, aos dias de hoje, seja em governos autoritários, democráticos, golpistas, todos eles carregam uma semelhança: a corrupção que está presente da extrema esquerda à direita.

Quando alguém perguntava ao humorista Millôr Fernandes (1923 — 2012) se o Brasil nunca iria deixar de ser um país corrupto ouvia como resposta que “Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder”.

Ontem, para surpresa de poucos, veio a confirmação: o Brasil foi ultrapassado pela Argentina e caiu para o 6º lugar, entre os países latino-americanos no Índice de Capacidade de Combate à Corrupção. O Brasil ficou mais corrupto.

O documento elaborado pelas entidades Americas Society/Council of the Americas e Control Risks aponta que "a luta contra a corrupção na América Latina sofreu uma nova onda de retrocessos no ano passado”, e que "Em vários países, a pandemia da Covid-19 levou governos e cidadãos a focar em outras prioridades urgentes, o que deu espaço para que políticos diminuíssem a autonomia e os recursos de órgãos judiciais sem desencadear indignação da opinião pública ou manifestações de rua como as testemunhadas em anos anteriores". O relatório aponta o Brasil como um país que "teve declínios na independência de suas agências anticorrupção e do Ministério Público”.

É certo que as instituições estão funcionando, não parece que a democracia corre risco, mas, como diz Caetano Veloso “é preciso estar atento e forte”.

Pense nisso!

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