Aí, você faz campanha para o candidato, se esforça para que seja eleito, ele perde por poucos votos, mas você não se acomoda.
Pega o seu carro, vai à rodovia mais próxima, hasteia a bandeira do Brasil na carroceria, toca fogo em algumas carcaças de pneu e jura que só vai sair dali depois do golpe de Estado, afinal o candidato em quem você votou tem as costas largas. Ou imaginava ter. Resistir é a palavra de ordem!
Enquanto isso, ambulâncias transportando pacientes, veículos com produtos para abastecer as feiras, os hospitais, as farmácias; aposentados que estavam indo ao banco sacar o BPC (Benefício de Prestação Continuada); todo mundo parado naquelas longas filas. Mas você ignora todas as mazelas da sociedade. O seu objetivo é mostrar ao país que o seu candidato perdeu a eleição, mas não perdeu a pose.
Até que de repente, você fica sabendo de uma “live” do presidente e ele já começa dizendo: “…eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias”. E prossegue Bolsonaro: “O fechamento de rodovias pelo Brasil, prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na nossa Constituição. E nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas. Tem que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo à nossa economia. Sei que a economia tem sua importância, né. Sei que vocês estão dando mais importância a outras coisas agora”. Danou-se, você pensa, enquanto se dá conta de que foi abandonado.
Você deixou de trabalhar, atrapalhou quem estava a caminho do serviço, impediu ajuda e atendimento médico, mas não se sinta desprestigiado pelo candidato a quem você apoiou. A política tem dessas coisas, meu amigo, você não viu nada. Preste atenção no noticiário que você vai ter ideia do que é ser abandonado. Político em fim de carreira não consegue nem beber café frio, porque ninguém lhe dá mais atenção.
Termine esse protesto! “Acabou!”, conforme disse o presidente da República em reunião no Supremo Tribunal Federal.
Pense nisso!