Politizar ameaças a autoridades que enfrentam o crime organizado é jogar na vala da irrelevância o combate à violência

Leia a coluna Política em Brasília
Romoaldo de Souza
Publicado em 22/03/2023 às 23:45
EX-JUIZ Sérgio Moro Foto: Isaac Amorim/MJ


Não parece ser crível, mas é real, que muita gente, entre elas alguns políticos e seus apaniguados, amanheceram com um sorriso cínico no rosto, quando souberam da operação da Polícia Federal que nesta quarta-feira (22) desmantelou um mirabolante plano do PCC (Primeiro Comando da Capital) para cometer ataques a autoridades entre elas o senador Sérgio Moro (União Brasil/PR) e o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).

O Brasil enfrenta um processo tinhoso, para ser elegante, que politiza absolutamente tudo, separa eles de nós, e quem não estiver do nosso lado é automaticamente nosso inimigo. “O ex-juiz da lava jato está pagando pelo que fez”, disse um parlamentar na cafezinho da Câmara dos Deputados - um espaço que serve de restaurante e antessala do Plenário da Casa. “Quem com o ferro fere…”, filosofou maldosamente outro.

Houve quem dissesse que Sérgio Moro teve seus “15 minutos de fama” e se apropriou desse momento para lançar mão de um projeto que aumenta as penalidades para quem cometer crime contra autoridades. Mas também, por outro lado, Moro recebeu apoio da maioria dos colegas senadores, inclusive o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), “O fato é que se trata de um senador da República. E que não podemos permitir. Não podemos achar que seja normal uma grupo criminoso ameaçar um senador e sua família e não se tomar medidas enérgicas. A Polícia Federal está de parabéns”, disse Pacheco.

E é aqui que reside o principal momento dessa operação da Polícia Federal. O plano da organização criminosa PCC não pode ser reduzido às divergências políticas entre aqueles que acham que Sérgio Moro foi maldoso quando comandou a Operação Lava Jato e os que santificam seus aliados.

As investigações que duraram meses só conseguiram desbaratar o plano do PCC porque se apropriou de serviço de inteligência. De especialistas analisando minuciosamente a organização e seus tentáculos dentro e fora dos presídios.

É claro que Sérgio Moro nem de longe é o anjo de candura que se autoproclama, mas o que é preciso ser ressaltado é que durante anos, como juiz, enfrentou o crime organizado e desmantelou muitos dos aparelhos do tráfico de drogas e de armas. A Polícia Federal está de parabéns!

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