O advogado Cristiano Zanin é o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) vazia desde 11 de abril, com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski. O nome de Zanin terá de passar, ainda, por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, antes de ser submetido ao plenário da Casa. Mas levando em conta outras inquirições, esse processo na CCJ tem muito pouca serventia porque ninguém se aprofunda em temas jurídicos que o sabatinado vai se deparar. É jogo de cartas marcadas. A oposição rejeita, a situação aprovar e quem tem maioria leva. Nesse caso específico, o governos vence e Zanin pode mandar confeccionar o terno da posse.
Mas quem é Zanin? O advogado de Lula nos processos da Lava Jato. Seu grande feito foi defender a tese de que o então juiz Sérgio Moro e o então procurador Deltan Dallagnol atuaram para perseguir o atual presidente da República.
A CCJ será a primeira oportunidade que o advogado Cristiano Zanin terá para dizer ao país se ele é mais que o advogado de Lula, ou não. Oportunidade não faltará. O ex-juiz da Lava Jato, hoje senador da República, Sérgio Moro (União Brasil-PR), será um dos principais adversário do indicado. Moro faz segredo de como vai questionar Zanin, mas já deu a entender que não deixará espaço para que o advogado questione suas ações como magistrado da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. “É importante deixar claro, e isso pretendo salientar, que quem está sabatinando serei eu. Ele estará na condições de sabatinado”, disse o senador paranaense.
É bem verdade que a tropa de choque do Planalto terá motivos jurídicos para defender Zanin. Os senadores governistas, entre eles Humberto Costa (PT-PE), pretendem justificar a aprovação do nome do advogado não pelos erros da Lava Jato, mas pelos próprios méritos do advogado. Se bem que mesmo no PT são poucos os militante que se encorajem em salientar os feitos do advogado de Lula. Mais sedo, antes de oficializar seu ex-advogado, Lula disse que a principal motivação não é pelo que Zanin foi, mas por aquilo que virá a ser. “Acho que todo mundo esperava que eu fosse indicar o Zanin, não só pelo papel que ele teve na minha defesa, mas simplesmente porque eu acho que o Zanin se transformará num grande ministro da Suprema Corte desse país.”
AEROLULA2, UMA AQUISIÇÃO DESNECESSÁRIA
É questão de prioridade. Lula priorizou “pedir” à Força Aérea Brasileira (FAB) um avião para suas longas viagens, em vez de assumir o comando da articulação política. Enquanto no Clube da Aeronáutica, Lula almoçava na última quarta-feira com os brigadeiros - a mais alta patentes da força, a quatro quilômetro dali, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tripudiava da articulação política do governo, destilava seu veneno contra o Planalto e reivindicava para si os louros da “maratona olímpica” que resultou da aprovação da medida provisória que tratava da reorganização do governo.
Entre um bife de terneiro - para os entendidos de carne bovina, a mais macia - e uma salada de folhas com tomate e croutons - pedaços de pão crocante, o presidente se vira para o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, e começa a falar de seu desejo de ter um avião mais espaçoso e com maior autonomia de voo. Lula lembrou que o atual AeroLula, o A319, “tem que fazer um pinga-pinga desgraçado”, para reabastecimento. Deve ser, mesmo um transtorno para Lula reclamar de pinga-pinga.
Na Aeronáutica, já virou consenso que um “pedido” do presidente é igualzinho a uma ordem, segundo avalia um oficial-general daqueles que ostentam dezenas de medalhas no peito e poucas batalhas no currículo.
Agora, o Planalto vive céu de brigadeiro do Planalto depois da aprovação da medida provisória da reestruturação do governo. E, na alcova presidencial o sorriso está de canto a canto da boca com a certeza de mais conforto nas próximas viagens. O AeroLula2 vai ganhar uma cama king size mais apropriada para que tem “77, com energia de 30 anos e tesão de quem tem 20.”
AS “BARBEIRAGENS” DO GSI NO 8 DE JANEIRO
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar os atos violentos de 8 de janeiro, em Brasília, é uma iniciativa de parlamentares - deputados e senadores - aliados do governo de Jair Bolsonaro (PL). A oposição queria achar um ou mais agentes do atual governo que tivesse neglicenciado à segurança da Praça dos Três Poderes, onde ficam o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal. Os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram corpo mole até a última hora para indicar os integrantes. A oposição queria os governistas não, fazendo coro de um ditado atribuído ao ex-deputado Ulysses Guimarães (1916-1992). “CPI a gente sabe como começa, mas não tem a mínima ideia de como vai terminar. É esse o temor do Planalto.
Em meio ao tiroteio de narrativas, só para usar um termo de que Lula se apropriou nos últimos dias para justificar a ditadura venezuelana de Nicolás Maduro, o amigo do presidente, general Gonçalves Dias, foi pego no contrapé apresentando ao menos duas diferentes versões sobre as ações de inteligência naquele episódio no quebra-quebra.
O Globo informou e o JC confirmou que no primeiro relatório, G. Dias, como o general é tratado no ninho petista, omitiu a importante informação de que ele teria recebido em seu celular pessoal, uma dezena de alertas sobre “crescentes riscos de tumulto e invasões de prédios públicos” tanto na Esplanada dos Ministérios como na Praça dos Três Poderes.
A versão atualizada foi entregue à Comissão Mista de controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Anteriormente, o general tinha dito à Polícia Federal não ter recebido esses alertas. Foi G. Dias quem impôs sigilo às imagens do circuito interno da Presidência da República. Mesmo depois de deixar o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional ele continuou negando o recebimento das mensagens de alertas.