UM GENERAL EM SEUS LABIRINTOS
Parafraseando Gabriel Garcia Márquez (1927-2014), “Não há nada mais perigoso do que a memória escrita”, o general Augusto Heleno ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) esteve nesta terça-feira (26), prestando depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro quando confrontado com informação de que o acampamento montado por bolsonaristas na porta do QG do Exército seria um “laboratório golpista”, como definiu a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
“Jamais estive no acampamento realizado em frente ao que a gente chama de Forte Apache. Nunca fui ao acampamento. Não por falta de tempo, mas por falta de condições de participar do que realizavam no acampamento. Pelo que se sabia, eram atividades extremamente pacíficas, ordeiras. Nunca considerei o acampamento algo que interessasse à segurança institucional. Sempre achei que era uma manifestação política pacífica,” disse o general.
Tido por muitos dos seus colegas de caserna como sendo dono de uma “memória de elefante”, o general Heleno esqueceu-se ou preferiu não recordar que foi de dentro do “pacífico” acampamento que partiram os manifestantes que atearam fogo em Brasília, na noite de 12 de dezembro; o fracassado atentado ao aeroporto internacional Juscelino Kubitschek, na véspera do Natal; e, o quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro deste ano.
CORTANDO A CABEÇA DA BAGRE MIÚDA
Assim como na vida real também no mundo das agitações sociais a primeira cabeça a rolar - e por vezes a única - é do bagre miúdo.
Marcelle Docothè, assessora de assuntos estratégicos do Ministério da Igualdade Racial, foi demitida dois dias após fazer comentários, no mínimo, preconceituosos sobre a torcida do São Paulo Futebol Clube. “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade (sic) pior de tudo pauliste (sic)”,
Em nota, o ministério informou que o comportamento de Decothè “está em evidente desacordo com as políticas e objetivos do ministério.” Isso um dia depois de dizer que os comentários da assessora tinham sido feitos “no calor da emoção”. Marcelle Docothè é flamenguista e tinha ido ao Morumbi, acompanhando a ministra Anielle Franco, para assistir à final da Copa do Brasil, quando o São Paulo sagrou-se campeão.
OPOSIÇÃO CRUZA OS BRAÇOS NO SENADO
O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da Oposição, anunciou que o bloco vai fazer obstrução na pauta do Senado para evitar votação de projetos prioritários por uma suposta “interferência por parte do Judiciário em ações que são da competência do [Poder] Legislativo”, como a recriação do imposto sindical, o marco temporal sobre as terras indígenas, o processo de liberação do porte de pequena quantidade de drogas e a descriminalização do abordo caso a gestação ainda não tenha atingido 12 semanas de gravidez.
“Está claro que o Supremo Tribunal Federal (STF) está exorbitando, invadindo área que é de competência do Congresso Nacional quando por exemplo - só para ficar em um deles - define o retorno do imposto sindical que foi retirado da legislação pela reforma trabalhista aprovada por este Parlamento”, lembra o deputado Mendonça Filho (PL-PE).
DEPUTADOS QUASE SE ABOFELAM NA COMISSÃO
Faltou pouco - talvez coragem - para que os deputados André Janones (Avante-MG) e Evair de Melo (PP-ES) fossem às vias de fatos. Tudo começou quando a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados ouvia o depoimento do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
Janones reclamou que o deputado Filipe Barros (PL-PR) estava interrompendo o ministro e chamou o colega paranaense de “idiota”. “O idiota aqui falou, e ninguém interrompeu ele”, disse Janones. Evair Melo, que não é de levar desaforo para casa, tomou as dores de Filipe Barros e tentou empurrar Janones. O mineiro se levantou e empurrou Evair dizendo que o capixaba estava “fedendo [a] cachaça”. A Polícia Legislativa foi chamada para acalmar os ânimos.
FRASE INFELIZ
“Vocês não vão me ver de andador, vocês não vão me ver de muleta. Vocês vão me ver sempre bonito como se eu não tivesse sequer operado.”
PENSE NISSO!
Alguns integrantes da bancada pernambucana no Congresso Nacional se disseram assustados com comentários na internet de que pode faltar café no mundo.
Exagero! Os motivos alegados são de que houve quebra na safra por causa das geadas e das queimadas. Não é verdade. A safra 2022/23, que ja chega ao consumidor, não enfrentou geadas, não houve perdas significativas e os preços praticados no mercado - principalmente dos cafés especiais - estão praticamente nos mesmos valores que em anos anteriores.
“Ufa!”, respirou aliviado, Túlio Gadêlha (Rede-PE).