Estudante foi baleado por tiro de borracha, a mando de um oficial da PM, e arrastado em Itambé. Foto: Reprodução/TV Jornal
Os policiais militares que atiraram em um estudante durante protesto que pedia mais segurança no município de Itambé, na Mata Norte de Pernambuco, foram indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). A conclusão do inquérito foi apresentada nesta sexta-feira (2), na sede da Polícia Civil de Pernambuco.
As investigações sobre a morte do estudante Edvaldo Alves dos Santos, de 22 anos, foram concluídas após mais de dois meses de espera da família. O capitão Ramon Tadeu Silva Casé foi indiciado por homicídio culposo e também pelo abuso de autoridade. Foi ele quem deu a ordem para atirar. O soldado Ivaldo Batista de Souza Júnior, que atirou, foi indiciado apenas pelo homicídio.
O delegado Pablo de Carvalho afirmou que o indiciamento foi por homicídio culposo, sem intenção de matar, porque os policiais "nunca tiveram treinamento para o uso técnico correto de elastômero (bala de borracha). Eles eram imperitos", disse.
O caso também está sendo investigado na esfera administrativa. "Todo esse procedimento vai ser encaminhado à Corregedoria Geral da SDS, que pode resultar na suspensão ou exoneração dos PMs e também vai servir de base para inquérito policial militar", afirmou o Chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle.
Os policiais militares envolvidos na ação arbitrária estão afastados das ruas, cumprindo apenas atividades administrativas.
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Edvaldo foi baleado em 17 de março deste ano. Na ação, filmada por um dos manifestantes, os policiais aparecem fazendo ameaças e um deles afirma: "Esse vai levar um tiro primeiro? é tu que vai levar o tiro?". Depois de ser atingido por um tiro de borracha, o estudante ainda é arrastado para a viatura policial.
Em 11 de abril, depois de 25 dias internado, Edvaldo faleceu.
Justiça
Ramon Tadeu da Silva Cazé já responde a processo na Justiça por outro crime. Ele é acusado de fazer uso de documento falso. A informação foi divulgada em primeira mão pelo
Ronda JC. O processo contra Ramon foi aberto em 2014, mas ainda segue em tramitação na Justiça Militar. Sem desfecho algum. De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o caso está em fase de audiências, com ouvidas de testemunhas. Os detalhes são mantidos em sigilo. Em 2008, o policial militar também respondeu outro processo na Justiça, mas o caso foi arquivado a pedido do Ministério Público de Pernambuco.
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