Angelo Gioia deixa a SDS após quase nove meses. Foto: JC Imagem/Arquivo
Prestes a completar nove meses à frente da Secretaria de Defesa Social (SDS), Angelo Gioia deixa o cargo. A informação foi confirmada pelo Governo de Pernambuco no final da tarde desta quarta-feira (28). Bastante criticado pela falta de diálogo com todas as categorias da segurança, leia-se polícias, Gioia não resistiu e é o segundo secretário a deixar a pasta na gestão Paulo Câmara.
Em nota oficial, a assessoria do Palácio do Campo das Princesas alegou que o delegado federal aposentado deixou o cargo a pedido e por "motivos pessoais". Mas, nos bastidores, os rumores já eram fortes de mudanças atingiriam o mais alto posto da SDS. Em nove meses, ele colecionou desafetos, mesmo sabendo que o momento era complicado na segurança do Estado, com índices de violência altíssimos, e com
a necessidade de unir forças de todos que compõem a pasta.
O principal foi com a Polícia Militar de Pernambuco. Em meio à queda de braço entre a corporação e o Governo do Estado, o agora ex-secretário não ficou ao lado da PM e não tentou abrir um canal de negociação. Preferiu endurecer e incentivar a abertura de processos administrativos, que, há poucos dias, resultou até na expulsão do presidente e vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados.
Além disso, foi durante a gestão do ex-secretário que Pernambuco registrou os meses mais violentos da história do Pacto pela Vida. Entre dezembro e abril deste ano, foram recordes consecutivos de assassinatos. No total, são mais de 2,4 mil homicídios entre janeiro e maio deste ano. O Estado pode, inclusive, terminar o ano com cerca de 6 mil mortes - resultado nunca antes contabilizado na história.
A crise na Polícia Científica também só cresceu nos últimos meses. Sem discussão, Gioia aprovou um decreto que tirava a autonomia do trabalho dos peritos papiloscopistas, trazendo revolta e desestímulo à categoria.
No episódio com os
policiais militares que atiraram e mataram um estudante durante um protesto em Itambé, na Mata Norte, Angelo Gioia também se mostrou alheio. Não veio a público criticar a ação desastrosa da polícia e não se comprometeu a investir em treinamento adequado aos policiais. Perdeu pontos também com a sociedade civil.
Mudança
Ainda é muito cedo para dizer que o novo secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, vai trazer de volta o diálogo para unir forças no combate à violência. Mas é essa a esperança não só das polícias, como de toda a sociedade que clama pela queda dos índices de criminalidade.