Morte de estudante expôs violência desenfreada na cidade de Goiana
Quando a fábrica da Fiat foi anunciada, há exatos seis anos, o município de Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, comemorou a chegada do desenvolvimento. Planos de valorização imobiliária, bairros planejados, shopping center, além de geração de milhares de empregos foram apenas algumas das promessas do poder público e também da iniciativa privada. Mas a Fiat chegou e as grandes mudanças não saíram do papel. A população aumentou. Mas com ela veio a violência.
A
morte de um estudante nessa quinta-feira (10), em plena luz do dia, na principal avenida do município, é apenas um exemplo do avanço da criminalidade. Já foi o tempo em que colocar as cadeiras na calçada de casa para observar o movimento da cidade era seguro. Há tempos, moradores deixaram o velho hábito. Caminhar tarde da noite ou andar de bicicleta pelas ruas do centro, como sempre fizeram, nem pensar. As vias, mal iluminadas, ficam quase desertas. O medo tomou conta da cidade. E cadê o policiamento ostensivo?
No último domingo, em meio à festa em homenagem à Nossa Senhora do Carmo, também no Centro de Goiana, um homem que trabalhava em um dos brinquedos foi executado à queima roupa. No meio de crianças e pais que celebravam aquela noite especial. Quatro dias depois, o estudante Edvaldo José Valença da Silveira Neto, de 21 anos, que foi assassinado depois de reagir ao assalto. Estava dentro do carro e levou um tiro na cabeça na movimentada Rua Direita, onde fica a sede da prefeitura.
Nesse último caso, a polícia deu um resposta rápida e prendeu um dos suspeitos. É verdade. Mas o bem maior, a vida, nunca será recuperado. No mesmo dia em que Edvaldo foi morto, horas antes, moradores da cidade fecharam a BR-101 para denunciar a insegurança. Queimaram pneus, entulhos, usaram faixas e gritaram por socorro. "Basta de violência", diziam.
Desde ontem à tarde, quando o jovem estudante foi assassinado, moradores permanecem em choque. Se perguntam até quando a violência vai rondar a cidade. Com mensagens nas redes sociais - única arma que podem usar - clamam por mais policiamento. Pedem dias de paz. Pedem para voltar a colocar a cadeira na calçada e conversar até altas horas com os vizinhos.
Quando isso voltará a ser possível?
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