A Operação Ponto Cego prendeu 19 pessoas, entre elas dois advogados e um ex-PM. Foto: Polícia Civil/Divulgação
A Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Pernambuco (OAB-PE) vai ter acesso à cópia do inquérito que investiga a quadrilha presa durante a Operação Ponto Cego, no último dia 03. O objetivo é identificar se há indícios de que os dois advogados presos cometeram infrações e se, por isso, devem penalizados pela entidade.
Segundo a Polícia Civil, Karen Danielowski Pereira e Assiel Fernandes Silva são suspeitos de colaborar com a quadrilha envolvida com estelionato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capital, advocacia administrativa e furto qualificado. Os advogados teriam ainda mantido contato com o
promotor de Execuções Penais, Marcellus Ugiette, para que ele conseguissem transferir parte da organização criminosa, que já estava presa antes da operação, para a mesma unidade prisional do Estado, possibilitando a prática de crimes mesmo atrás das grades.
No último dia 03, a polícia cumpriu 19 mandados de prisão. Como havia advogados entre os presos, a OAB-PE acompanhou a Operação Ponto Cego. Em nota ao
Ronda JC, a assessoria da entidade afirmou que o procedimento ético-disciplinar para investigar os seus membros será aberto após a análise do inquérito policial.
Ao final do procedimento, os advogados podem sofrer sanções que vão desde censura ou multa até o impedimento de exercer a profissão. Mas a penalidade vai depender da gravidade das infrações.
PROMOTOR
O promotor Marcellus Ugiette foi afastado das funções. Foto: JC Imagem/Arquivo
Está previsto para esta quarta-feira (15), no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPPE, o depoimento do promotor Marcellus Ugiette, suspeito de corrupção passiva. Titular da 19ª e da 54ª Promotorias de Justiça Criminal da Capital, com atuação na Vara de Execuções Penais, ele foi afastado das funções por pelo menos 60 dias.
Relatório da Polícia Civil classificou o promotor como o "braço forte", o "alicerce", o porto seguro", "capaz de minimizar, interferir e solicitar demandas em prol de membros do grupo criminoso, permitindo que assim a organização criminosa sinta-se além do bem e do mal". Ugiette teria sido citado em escutas telefônicas. A polícia também afirma que usavam o apelido de "Anjo" para se referir a ele. O promotor negou as acusações.
A casa e o gabinete dele foram alvos de busca e apreensão durante a Operação Ponto Cego.
Em relatório, o corregedor-geral substituto, Renato da Silva Filho, afirmou que as inspeções encontraram processos com prazos extrapolados ou que não foram registrados no sistema eletrônico Arquimedes, onde é possível a consulta pública de qualquer caso que tramita no MPPE.
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