O promotor Marcellus Ugiette é suspeito de corrupção passiva. Foto: TV Jornal/Reprodução
Dois promotores se candidataram para as vagas na 19ª e a 54ª Promotorias de Justiça Criminal da Capital, com atuação na Vara de Execuções Penais. Eles devem substituir o titular, Marcellus Ugiette, que foi afastado das funções por 60 dias sob suspeita de praticar
crime de corrupção passiva.
Um edital foi anunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), na semana passada, para que os promotores lotados na capital pernambucana apresentassem seus nomes de forma voluntária para uma espécie de seleção.
Fernando Falcão Ferraz Filho e Francisco das Chagas Santos Júnior foram os únicos interessados na vaga provisória. Caberá à Procuradoria Geral de Justiça decidir se os promotores vão mesmo assumir a vaga enquanto Ugiette estiver afastado.
Enquanto o martelo não é batido,
uma força-tarefa formada por seis promotores está dando andamento aos processos das duas promotorias de Execuções Penais. Os trabalhos, que também visam identificar irregularidades nos processos, devem ser encerrados no final deste mês, conforme publicado em primeira mão pelo
Ronda JC.
DEPOIMENTO
Durou mais de oito horas o depoimento do promotor Marcellus Ugiette, nessa quarta-feira (15), na sede do MPPE que fica na Avenida Visconde de Suassuna, área Central do Recife. Ele foi questionado sobre as
denúncias de colaborar com presos que fazem parte de uma quadrilha envolvida com estelionato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capital, advocacia administrativa e furto qualificado. Ele negou as acusações.
"Vamos aguardar. Estou tranquilo. Sei que mesmo que for responder algum processo, vou responder, vou me defender, vou trazer as provas sem problema nenhum", afirmou.
Relatório da Polícia Civil, publicado com exclusividade pelo Ronda JC, classificou o promotor como o "braço forte", o "alicerce", o porto seguro", "capaz de minimizar, interferir e solicitar demandas em prol de membros do grupo criminoso, permitindo que assim a organização criminosa sinta-se além do bem e do mal". Ugiette teria sido citado em escutas telefônicas. A polícia também afirma que usavam o apelido de "Anjo" para se referir a ele.
Sala onde o promotor Marcellus Ugiette trabalhava foi alvo de mandado de busca e apreensão
A casa e o gabinete dele foram alvos de busca e apreensão durante a Operação Ponto Cego.
Em relatório, o corregedor-geral substituto, Renato da Silva Filho, afirmou que as inspeções encontraram processos com prazos extrapolados ou que não foram registrados no sistema eletrônico Arquimedes, onde é possível a consulta pública de qualquer caso que tramita no MPPE.
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