As investigações da Polícia Civil sobre a morte do estudante Lucas Luz Marques da Rocha, de 17 anos, durante uma abordagem policial no bairro de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, foram concluídas. O policial militar que atirou no adolescente não foi indiciado. Segundo o delegado Marconi Lustosa, titular da 13ª Delegacia de Homicídios, as investigações apontaram que o policial não agiu com dolo, ou seja, teria atirado para se defender do estudante, que estaria armado. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) analisou a conclusão do inquérito, mas pediu ao delegado novas diligências.
Lucas foi morto na noite de 17 de outubro. Segundo familiares, ele saiu de casa para ir à residência de uma tia. Ele estava acompanhado de colegas. A Polícia Militar, na ocasião, alegou que os jovens estariam em atitude suspeita e foram abordados. Os colegas foram detidos, e Lucas teria tentado reagir com uma arma de fogo. E acabou atingido pelo tiro disparado por um dos PMs. Ainda teriam sido encontrados entorpecentes com Lucas, que chegou a ser levado para o hospital antes de morrer, segundo versão contada em depoimento pelos policiais.
"O trabalho de investigação foi feito com isenção. Todos os elementos trazidos pela família de Lucas foram apurados, mas não se confirmaram. Fizemos diligências, perícias, ouvimos todas as testemunhas. Os policiais não negaram que atiraram. No final das investigações, os elementos apontaram que não houve culpa ou dolo nesse caso", afirmou o delegado. Na prática, a conclusão é de que houve legítima defesa por parte dos PMs envolvidos na abordagem.
Como a Promotoria Criminal de Jaboatão devolveu o inquérito para a realização de novas diligências, agora haverá um novo prazo para a conclusão do caso. O delegado poderá decidir pela mesma conclusão ou ainda, ao final, chegar a um outro resultado sobre a morte do adolescente. "Vou priorizar esse caso", disse o delegado.
Depois que o inquérito voltar para as mãos do MPPE, a promotora responsável poderá concordar com o resultado, pedir mais diligências, decidir por denunciar os policiais envolvidos na morte ou pedir arquivamento do caso, que também seguirá para análise da Justiça.
Em paralelo à investigação policial, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) também apura a conduta dos policiais militares envolvidos na ocorrência.
QUEM ERA LUCAS
Lucas morava com a mãe e três irmãos. Era estudante do ensino fundamental em uma escola pública do bairro de Cavaleiro. A família alega que o adolescente nunca teve envolvimento com crime. No enterro do corpo da vítima, amigos e familiares estavam inconformados. Diziam que ele era o garoto alegre, e que a diversão dele era empinar pipa e jogar futebol.
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