MOBILIZAÇÃO

No Recife, policiais denominados antifascistas farão protesto pela democracia nesta terça-feira (7)

Profissionais da segurança pública que atuam em Pernambuco vão participar do ato do Grito dos Excluídos e Excluídas, na área central da capital pernambucana

Imagem do autor
Cadastrado por

Raphael Guerra

Publicado em 06/09/2021 às 7:00 | Atualizado em 06/09/2021 às 9:12
Notícia
X

Apesar do crescimento da adesão de policiais militares de todo o Brasil ao bolsonarismo - e isso deve ser demonstrado durante os protestos programados para acontecer nesta terça-feira (07), Dia da Independência -, um movimento de profissionais da segurança pública denominados antifascistas também promete sair às ruas a favor da democracia. No Recife, o grupo vai se concentrar a partir das 10h, na Praça do Derby, na área central da capital pernambucana, e acompanhar o tradicional ato do Grito dos Excluídos e Excluídas pelas ruas. 

A participação do Movimento Policiais Antifascismo do Estado de Pernambuco em protestos não é novidade. Nos dois últimos protestos contra o governo Bolsonaro - nos meses de junho e julho deste ano, na área central do Recife, os profissionais da segurança estiveram presentes. Com faixas, pediram a permanência da democracia. "Vamos fazer do mesmo modo nesta terça-feira. Será um ato de forma pacífica e mostrando que nós, policiais, também somos a favor da democracia", pontua a policial civil Rosana Santiago, dirigente do movimento no Estado.

Ela destaca que o movimento é nacional e que, em Pernambuco, não há participação apenas de policiais civis e militares, por exemplo. "Fazem parte também os militares do Corpo de Bombeiros, policiais penais e guardas municipais de vários municípios, como Recife, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca", diz. Ao todo, mais de 500 profissionais. 

Na semana passada, ao JC, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) já sinalizou que os profissionais da corporação poderão participar de protestos, caso queiram e não estejam de plantão. Em nota, a PMPE afirma que “não há qualquer orientação no sentido de vedar a participação de militares, de folga, nas manifestações”. 

MPPE PEDE QUE POLÍCIA EVITE "EXCESSOS"

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) encaminhou recomendação à Polícia Militar do Estado para que possíveis excessos de força e uso de armas sejam evitados durante as manifestações a favor e contrárias ao governo Bolsonaro nesta terça. A recomendação foi publicada em primeira mão pela coluna Ronda JC

Estão previstos ao menos três movimentos no Recife, todos organizados pelas redes sociais: “Carreata da Independência Dia 07/Dia “D” pela nossa liberdade”, “Passeata promovida pela Aliança por Pernambuco” e “Grito dos Excluídos e Excluídas – Vida em Primeiro Lugar! # Fora Bolsonaro”. As três mobilizações, que também vão ocorrem em várias partes do País, são organizadas por movimentos e entidades da sociedade civil.

Na recomendação, o promotor de Justiça Westei Conde, da 7ª Promotoria de Defesa da Cidadania e de Direitos Humanos, pede ao comandante geral da PM, coronel José Roberto de Santana, "a observância estrita — durante as referidas manifestações, desde a concentração ao término — do eventual uso da força, baseado nos princípios da legalidade, necessidade, razoabilidade e proporcionalidade, com o fito de se evitar excesso na utilização da força e emprego inadequado de armas (letais e não letais) e a consequente responsabilidade administrativa, civil e criminal dos policiais militares envolvidos".

O promotor de Justiça também destacou, na recomendação, que é preciso que os policiais militares façam uso adequado dos cadarços de identificação, em local visível no uniforme operacional e nos coletes balísticos.

A recomendação foi reforçada após ação desastrosa praticada por policiais militares contra manifestantes que fizeram um ato contra o governo Bolsonaro, no final do mês de maio, na área central do Recife. Na ocasião, manifestantes ficaram feridos. E dois trabalhadores, que passavam pelo local no momento, também foram atingidos nos olhos e perderam a visão.

O caso teve repercussão nacional e levou à queda do então comandante geral da PM, coronel Vanildo Maranhão, e do então secretário de Defesa Social, delegado federal Antônio de Pádua. Dezoito PMs também foram afastados das funções.

O QUE DIZ A SDS

A Secretaria de Defesa Social (SDS) informou, por meio de nota oficial que, "por iniciativa do Governo de Pernambuco, foi instalada uma Mesa Permanente de Articulação com a Sociedade Civil, composta por cinco secretarias estaduais, com o objetivo de ampliar o diálogo e garantir a realização de movimentos sociais de forma pacífica, segura e atendendo aos decretos sanitários em vigor".

O texto disse que "nos dias que antecedem os atos, houve reuniões com os representantes dos movimentos, para a pactuação de uma convivência pacífica entre manifestantes e a população como um todo. Além da SDS, participam da Mesa Permanente as pastas de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude; Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas; Casa Civil; e Justiça e Direitos Humanos. As forças de segurança, de forma integrada, estão atentas para garantir o exercício da democracia de forma ordeira".

A pasta pontuou ainda que "a Corregedoria Geral da SDS estará acompanhando os atos para assegurar que servidores públicos da segurança atuem dentro da técnica, legalidade, da prevenção à violência e proteção do cidadão, além de cumprirem as demais diretrizes dos códigos de conduta de cada força operativa".

 


Tags

Autor