Adolescente morre e outros 12 fogem durante motim na Funase da Zona da Mata de Pernambuco

O motim aconteceu na Funase de Timbaúba, na noite dessa quinta-feira (20)
Julianna Valença
Publicado em 21/10/2022 às 8:50
Adolescentes fazer novo motim na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Timbaúba, Zona da Mata. Foto: Cortesia


Um adolescente de 16 anos morreu durante um motim no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) do município de Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco, na noite dessa quinta-feira (21). A causa da morte é investigada.

Durante ação, outros 12 garotos fugiram da unidade que pertence à Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase). Altas chamas puderam ser vistas saindo da unidade por quem passava pela redondeza.

Segundo a Funase, os adolescentes atearam fogo em colchões colocados no portão da unidade, para impedir a entrada de policiais.

A PM foi acionada, mas até o momento não se sabe o paradeiro dos menores. O corpo foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML).

"A Fundação lamenta o ocorrido, já entrou em contato com a família e se responsabilizará pelo funeral [...] A direção da Funase, as coordenadorias de Segurança e de Inteligência e a Corregedoria da instituição estão na unidade acompanhando a ocorrência e a apuração dos fatos", declarou a organização em nota.

Nesta tarde, a Funase confirmou que dois dos 12 adolescentes foram recapturados. 

A unidade de Timbaúba tinha 57 adolescentes antes do motim. A capacidade é de 60. 

PROBLEMA SE ESTENDE POR ANOS

Em 2016, o adolescente José David também morreu nas dependências da Funase de Timbaúba durante um motim. Ao JC, na época, a mãe da vítima relatou que o filho dizia não ter problema com nenhum outro adolescente do Case mas já teria sido agredido por alguns agentes.

Veja relato da mãe de José David:

Os casos de morte não são isolados. Há pelo menos 10 anos a equipe de reportagem do JC relata fugas, motins e denúncias de insalubridade nos centros socioeducativos da Funase espalhados por Pernambuco.

Na mais recente denúncia, em 2021, representantes do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) encontraram um cenário de caos ao visitar a Case de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco.

"Os problemas estruturais são gravíssimos como: capacidade inadequada por alojamento, insalubridade, pouca ventilação e iluminação natural, necessidade de manutenção em banheiros e alojamentos. A limpeza dos alojamentos/dormitórios é realizada pelos adolescentes, que utilizam cortinas feitas com lençóis nas portas, impedindo a visibilidade do que acontece nos alojamentos pelos profissionais.

A unidade tem muros bem elevados, porém sem apoio de segurança externa ou guarita de observação, em razão de estar localizada numa área urbana, recebe um número significativo de arremessos diários, e segundo os profissionais os objetos são: drogas, celulares e artefatos que podem comprometer a segurança de toda a comunidade socioeducativa", diz trecho do relatório enviado ao Ministério Público, obtido com exclusividade pela coluna Ronda JC.

O documento cita ainda que no dia 30 de junho de 2021, um socioeducando foi eletrocutado dentro das dependências da unidade. 

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