As campanhas de conscientização para que as vítimas de violência doméstica peçam socorro à polícia estão surtindo efeito. Levantamento feito pela coluna Ronda JC, com base no banco de dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), aponta que Pernambuco registrou recorde histórico de denúncias em outubro. Ao todo, 4.184 mulheres procuraram as delegacias para prestar queixas contra seus agressores. Desde 2015, quando o governo estadual começou a somar os registros dessa modalidade de crime, nenhum mês atingiu um número tão alto.
Houve aumento de 10,4% no número de denúncias em relação a outubro de 2021, quando 3.790 vítimas procuraram a polícia. No acumulado dos dez primeiros meses deste ano, 35.615 boletins de ocorrência já foram registrados no Estado. No geral, são de queixas de ameaças, agressões físicas e até sexuais. Mais de 57% das vítimas têm entre 30 e 54 anos.
A gestora em exercício do Departamento de Polícia da Mulher, Conceição Tavares, avalia que o trabalho de prevenção que vem sendo realizado nos últimos meses foi um dos fatores que contribuiu para o aumento recorde de denúncias de violência doméstica.
"O trabalho preventivo se intensificou no Agosto Lilás, mês do aniversário da Lei Maria da Penha, orientando as mulheres a saírem do ciclo de violência e mostrando quais canais existem para essa denúncia. Além disso, houve a inauguração das novas delegacias especializadas de atendimento à mulher", afirma Conceição Tavares.
Quatro municípios ganharam unidades policiais especializadas nos últimos meses: Olinda (no Grande Recife), Palmares (Mata Sul), Salgueiro e Arcoverde (ambas no Sertão).
Os números da SDS já apontaram a importância de delegacias da Mulher, ambientes em que as vítimas se sentem mais acolhidas no momento da denúncia. Em Olinda, no mês de setembro, 256 mulheres procuraram a polícia para prestar queixa - resultado recorde.
Ao mesmo tempo em que as denúncias cresceram, os casos de feminicídio caíram em Pernambuco, reforçando que as mulheres devem procurar ajuda no primeiro sinal de violência. De janeiro a outubro deste ano, 60 mulheres foram mortas pela questão de gênero. No mesmo período de 2021, foram 76. A queda observada foi de 21,1%.
A advogada e professora de direito da UniFBV Fabiana Leite destaca que as manifestações de violência podem ocorrer simultaneamente. "Todos os tipos de violência se manifestam por meio de agressões físicas, sexuais, psicológicas, patrimoniais ou morais. Geralmente, a violência doméstica é praticada pelo homem com a intenção de possuí-la como sua propriedade, determinar o que ela deve desejar, pensar, vestir."
Para denunciar ou obter informações sobre a rede de proteção, o número da Ouvidoria Estadual da Mulher é 0800-281-8187. Em situação de emergência policial, a orientação é ligar para o 190.
35.615 denúncias de violência doméstica de 1º de janeiro a 31 de outubro de 2022
Recife lidera, com 7.645 queixas
Jaboatão dos Guararapes aparece em segundo lugar, com 2.254 denúncias
Petrolina aparece em seguida, com 1.874 registros
Número de queixas por faixa etária:
0 a 11 anos - 528 (1,48%)
12 a 17 anos - 1.351 (3,79%)
18 a 29 anos - 11.904 (33,43%)
30 a 64 anos - 20.485 (57,52%)
65 anos ou mais - 1.136 (3,19%)
Não informado - 211 (0,59%)