O novo coronavírus tem nos surpreendido a cada instante e lança luz sobre um velho problema: a sobrecarrega de um sistema de saúde que já funciona no limite. Quando falamos sobre assistência hospitalar intensiva, o gargalo parece ser infinito. No auge da epidemia de covid-19, que deve ocorrer tão breve em Pernambuco, segundo as autoridades de saúde, pelo menos 15% dos pacientes infectados devem precisar de acompanhamento em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). As atuais 1.018 vagas da rede estadual de saúde, que já funcionam com praticamente 100% de ocupação, dificilmente darão conta dessa demanda. Por isso, o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife uniram forças para aumentar essas vagas de UTI, destinadas aos casos mais graves de covid-19. Afinal, a rota da epidemia em outros países (como China e Itália) tem revelado que a sobrecarga de hospitais é risco para o controle da doença.
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Serão garantidos, em Pernambuco, mais 400 leitos de UTI e 600 de retaguarda. No Recife, parte deles será distribuída em dois hospitais privados atualmente desativados. O governo irá fazer a requisição administrativa deles. “São o Nossa Senhora das Graças, em Boa Viagem (Zona Sul), que terá 230 leitos para tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Desse total, 100 serão só de UTI. Também terão 20 leitos de UTI no Unicordis, no Torreão (Zona Norte), que ainda contará com vagas de enfermaria, de 35 a 40”, informou ontem o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, em coletiva de imprensa no Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, área central da cidade. A ampliação da rede também chegará a Caruaru (Agreste), Serra Talhada, Araripina e Petrolina (Sertão). O secretário não informou o prazo para início do funcionamento dos leitos, mas garantiu que, nos próximos dias, alguns já possam ser disponibilizados.
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Apesar de o Ministério da Saúde informar que mais de 40 mil postos de saúde espalhados pelo País serem capazes de atender 90% dos casos de coronavírus, por se tratarem de quadros leves, não se pode esquecer os outros 10% que se evoluem com complicações, necessitando de respirador artificial (é o que os médicos chamam de ventilação mecânica, que auxilia a entrada e saída de ar nos pulmões). “A infecção por covid-19 é grave. Até agora, em média, uma em cada cinco pessoas precisa ser hospitalizada, e a população deve ter como objetivo se proteger e fazer o mesmo com as pessoas próximas. A média geral da taxa de mortalidade atual é de 3,4%. Esse valor significa que o novo coronavírus tem mortalidade de até 34 vezes maior do que os vírus da gripe”, explica o médico virologista Ernesto Marques, professor de Doenças Infecciosas da Universidade de Pittsburgh (EUA) e pesquisador da Fiocruz Pernambuco.
Ainda na lista de estratégias do plano de contingência do Governo de Pernambuco, está a implantação, em parceria com a Prefeitura do Recife, de uma Central de Teleatendimento para esclarecer as dúvidas da população em relação ao novo coronavírus, além de realizar a triagem de casos e a regulação de leitos. Cerca de 150 postos serão criados no Estado, com a atuação de profissionais das áreas da saúde capacitados para orientar quem ligarem para o serviço, através de um número gratuito, ainda não divulgado.
Até ontem Pernambuco somava 22 confirmações de covid-19 e um total de 485 casos notificados, com 96 descartes.
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