Quase cinco meses após a chegada do novo coronavírus em Pernambuco, os dados sobre casos (são quase 100 mil confirmados) e óbitos acumulados desde março já fornecem informações para traçar um panorama sobre os grupos de pessoas em que a covid-19 tem sido mais prevalente e letal. Assim como em outras localidades, despontam no Estado fatores como sexo, idade e raça que favorecem ou diminuem a chance do desenvolvimento de quadros mais severos da doença. Em Pernambuco, das 6.634 mortes confirmadas até ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), os homens estão em maior número maior entre as vítimas fatais da covid-19, representando 55,2% (3.660) dos óbitos.
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Um retrato sobre as mortes pelo novo coronavírus em Pernambuco ainda traz à tona que 72,1% das pessoas que não resistiram à doença eram pardas e outras 4,9% pretas. No Brasil, convencionou-se que negro é quem se autodeclara preto ou pardo. Dessa maneira, em Pernambuco, 77% dos que morrem são negros. Por outro lado, brancos representam 21,1% das vítimas fatais. Segundo dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), da população de 9,4 milhões de pessoas em Pernambuco, 5,7 milhões são pardas, 684 mil são pretas e 2,9 milhões são brancas.
E quando se analisa a faixa etária, aparece o que todos sabem desde o início da pandemia: os idosos permanecem entre os que mais têm probabilidade de agravar e morrer em decorrência da infecção. Do total de óbitos no Estado, 74,8% (4.965) tinham a partir de 60 anos. Ainda entre esse grupo, constata-se que, com o avançar da idade, maior é o número de idosos que não resistiram às complicações do vírus. Dos 4.965 que morreram em Pernambuco, 30% tinham de 60 a 69 anos; 34% de 70 a 79 anos; 36% faziam parte da faixa etária a partir de 80 anos.
No quesito das doenças preexistentes, as doenças cardiovasculares (como hipertensão arterial) são as que lideram os registros entre as mortes no Estado, assim como ocorre em outras localidades. Uma análise feita pela equipe de vigilância da SES revelou que 66,7% das pessoas que morreram apresentavam problemas desse tipo, seguido por distúrbios metabólicos como diabetes (43,9%), doença renal (14,9%), obesidade (14%) e tabagismo (9,6%). Esse grupo de discussão dos óbitos considerou uma amostra de 114 vítimas fatais para debater a prevalência das comorbidades como fatores de maior probabilidade para desenvolvimento de formas graves e mortes pela covid-19.
Balanço
Neste domingo (2), a SES registrou 1.224 novos casos da doença. Entre os confirmados, 61 (5%) são graves. Todos os outros 1.163 (95%) são leves - pacientes que não precisaram de internamento hospitalar, que já estavam curados ou na fase final da doença. Agora, Pernambuco totaliza 97.970 casos positivos, sendo 23.731 graves e 74.239 leves. Além disso, são 73.370 pacientes recuperados da infecção.
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