Pernambuco confirmou, na tarde desta segunda-feira (31), mais um caso de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica e que teve diagnóstico positivo para o novo coronavírus. A informação foi dada pelo secretário Estadual de Saúde, André Longo, durante coletiva de imprensa transmitida pela internet. A menina tem 1 anos e 7 meses, mora em Jaboatão dos Guararapes, município do Grande Recife. Segundo o secretário, o caso só foi notificado esta semana, mas a paciente esteve internada em julho no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). "Ela já recebeu alta hospitalar e está em casa", disse André Longo.
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No dia 6 de agosto, o Estado divulgou os dois primeiros casos da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica em decorrência da covid-19. Com mais o novo caso anunciado nesta sexta-feira (31), sobe para dez o número oficial de crianças em Pernambuco que tiveram diagnóstico confirmado da síndrome inflamatória multissistêmica associada à infecção pelo novo coronavírus. Além disso, o Estado registra a morte de uma menina de 11 anos que morava na capital pernambucana. Segundo a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), ela deu entrada num hospital público estadual em 23 de junho e faleceu no dia seguinte (24/6). Não chegou a ser internada em leito de unidade de terapia intensiva (UTI). Ainda de acordo com a Sesau, a menina não tinha histórico de doença preexistente. "A criança apresentou febre, conjuntivite, diarreia, dores abdominais, náusea, vômito, manchas vermelhas pelo corpo e taquicardia. Ela teve histórico de contato com familiares com suspeita de covid-19 e foi testada logo no dia 23. O RT-PCR deu negativo para a doença, mas o teste rápido positivou", diz a nota da secretaria.
Entre os sintomas da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica associada à covid-19, estão febre persistente acompanhada de um conjunto de manifestações, como pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos e comprometimento respiratório, entre outros sinais.
A pneumopediatra Rita Moraes de Brito, professora da Universidade de Pernambuco (UPE), já atendeu casos de crianças com a síndrome no Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, área central do Recife. "Não se trata de uma unidade referência para acompanhar quadros respiratórios, mas é um serviço que é referência em cirurgia abdominal. Como esses pacientes chegavam com um dor forte no abdome, que faz suspeitar de apendicite, os quadros chamaram a minha atenção no HR. Ao ver uma das crianças, percebi que não se tratava de apendicite, pois ela tinha outros sintomas sugestivos de covid-19", relata Rita, que chegou a acompanhar os pacientes durante o auge da epidemia do novo coronavírus no Estado.
Pernambuco também já confirmou, na faixa etária até os até 14 anos, 654 casos graves de covid-19. Eles representam 2,5% do total de quadros desse tipo no Estado. Além disso, também foram registrados 52 óbitos até 14 anos, o que representa 0,6% do total de mortes em Pernambuco.
Em relação aos leitos gerais pediátricos e neonatais, a ocupação está em 70%, considerando as vagas de enfermaria e de unidade de terapia intensiva (UTI). "Temos um plano para ampliação dessas vagas e, em breve, deveremos estar anunciando essa expansão, inclusive pensando na retomada das atividades escolares mais adiante. Precisamos ter uma reserva de leitos, em especial para quem depende do SUS", destacou André Longo na coletiva desta segunda-feira (31).
O secretário também informou que os casos em que há negatividade para covid-19 são investigados para outras condições. "Já foram encontrados 44 casos positivos para influenza A, 18 para influenza B e três para VSR (vírus sincicial respiratório). Nesta fase, as crianças estão susceptíveis a outros tipos de vírus, não apenas à covid-19, e temos buscado trabalhar na investigação desses outros tipos virais, até porque alguns deles envolvem tratamento específico, como o H1N1", destacou Longo.