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Discalculia: seu filho está com dificuldade em matemática? Saiba quando isso pode ser um distúrbio de aprendizagem

Estatísticas apontam que, em uma sala de aula com 25 alunos, pelo menos uma criança apresenta discalculia. Conheça sinais importantes e saiba como o aluno deve ser acompanhado

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Cinthya Leite

Publicado em 19/10/2021 às 9:46 | Atualizado em 19/10/2021 às 10:00
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O bloqueio com os números enfrentado por algumas crianças e adolescentes pode parecer, à primeira vista, preguiça ou falta de interesse nos estudos. A questão é a dificuldade extrema para compreender a matemática e seus conceitos pode não ser normal. Esse problema tem nome e se chama discalculia, um distúrbio de aprendizagem pouco conhecido que pode prejudicar a vida escolar e cotidiana, se não diagnosticado de forma adequada. 

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Se o aluno não for acompanhado corretamente, a resolução de problemas de uma prova cheia de números tende a ser quase um pesadelo. Afinal, a discalculia é um distúrbio de origem neurobiológica que afeta a aquisição de conhecimentos sobre os números e os cálculos. Nesta pandemia, esse fator foi evidenciado. Uma recente pesquisa desenvolvida pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo apontou que estudantes regrediram no aprendizado de português e matemática após um ano de aulas online. Mesmo afetando outras ações cotidianas, como ler um relógio, a placa de um carro, memorizar números telefônicos e calcular um simples valor de compra, os professores tendem a ser os primeiros a identificarem o transtorno nas crianças. Mas, desde sempre, é importante que os pais também estejam atentos aos sinais. 

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Crianças que convivem com o problema não conseguem, por exemplo, identificar sinais matemáticos ou resolver operações básicas nos primeiros anos de alfabetização, como adição e subtração - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

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Crianças que convivem com o problema não conseguem, por exemplo, identificar sinais matemáticos ou resolver operações básicas nos primeiros anos de alfabetização, como adição e subtração. "É normal que as crianças tenham certa resistência com matemática. Mas, na discalculia, mesmo com uma boa oportunidade pedagógica e ensino adequado, o aluno continua com muita dificuldade no processamento da informação. Algumas vezes, o distúrbio também pode estar associado a outras questões de aprendizagem, como a dislexia (distúrbio do aprendizado caracterizado pela dificuldade para ler)", explica a fonoaudióloga e doutora em psicologia Bianca Queiroga, professora do curso de fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

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Por ser um problema ainda pouco perceptível por muitos pais, a discalculia tende a ser confundida com teimosia ou desinteresse em aprender os conceitos matemáticos. Por isso, a dica dos especialistas é acompanhar de perto a educação da criança, consultando sempre a direção da escola para tomar conhecimento da evolução escolar do aluno. "Não é só uma questão ligada ao ensino. Recorrer apenas a um professor particular, por exemplo, não vai resolver o problema. Há que se investigar a fundo a dificuldade e instrumentalizar a criança para que ela busque uma forma alternativa de estudo e capte o conceito matemático, superando seus problemas e seguindo a vida acadêmica e social sem maiores dificuldades", ressalta Bianca.

É importante frisar que o diagnóstico da discalculia deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta de psicopedagogo, fonoaudiólogo e neuropediatra. Esse distúrbio de aprendizagem e outros transtornos exigem um diagnóstico multidisciplinar porque, ao contrário de outros problemas, não há um marcador ou um teste específico para identificá-lo.

Aprender matemática na infância 

"As crianças com discalculia precisam de um treinamento diário adaptado, baseado em uma compreensão profunda de conceitos e procedimentos", explica Javier Arroyo, cofundador da Smartick - método de aprendizagem de matemática para crianças de 4 a 14 anos, que promete ensinar a matéria em apenas 15 minutos por dia. Segundo Javier, os exercícios e atividades do plano de estudos personalizado proposto pelo método podem ajudar muito os alunos com dificuldades. 

A discalculia afeta de 5% a 7% da população. O ideal é diagnosticar o mais cedo possível, de preferência ainda quando criança, entre os 6 e 8 anos. Uma criança que não é precocemente diagnosticada com o distúrbio provavelmente receberá rótulos e tratamentos diferenciados, seja na escola, entre os colegas, ou até mesmo em casa. "Isso tem duas consequências claras: no nível acadêmico, a criança desenvolverá uma aversão a matemática, o que agrava o problema. Já a nível psicológico, ocorre uma perda da autoestima, sentimento de incapacidade e o desenvolvimento de ansiedade antes de ir a escola. Esse custo pessoal pode acabar tendo um grande impacto no seu desempenho no restante das disciplinas", frisa Javier.

O método Smartick é adaptado também para crianças que têm discalculia e outros distúrbios de aprendizagem, como dislexia e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). 

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