Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece varíola dos macacos como emergência de saúde global

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, decidiu emitir a declaração apesar da falta de consenso entre os membros do comitê de emergência da organização
Mirella Araújo
Filipe Farias
Publicado em 23/07/2022 às 13:25
DOENÇA RARA Transmissão ocorre do animal para o homem e vice-versa Foto: GETTY IMAGES


Da Estadão Conteúdo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu neste sábado (23), o avanço da varíola dos macacos como uma emergência global de saúde. A entidade levou em consideração o cenário "extraordinário" da doença, que já chegou a 70 países. A emergência pode desencadear alertas contra a propagação do vírus e propiciar investimentos em pesquisas que investiguem as causas da doença e tratamentos eficazes.

A doença já foi identificada pela ciência em 1958, mas agora médicos e pesquisadores tentam entender as causas da velocidade do novo surto e debatem a melhor forma para conter essa ameaça sem aumentar o estigma sobre os grupos mais vulneráveis ao vírus Entre as estratégias, eles defendem campanhas de orientação focadas e vacinas.

O infectologista Filipe Prohaska, do Hospital Oswaldo Cruz, explica que o reconhecimento da varíola dos macacos como emergência global, significa que há uma necessidade de estímulo financeiro e científico na busca de soluções mais rápidas para conter o avanço da doença. “Diferente da covid-19, no seu início, a varíola já tem vacina disponível, mas ela precisa ser reproduzida em larga escala”, afirmou.

O médico também falou sobre investir na medicação para os casos graves, que é um quadro mais raro, mas é preciso ter cuidado quando desenvolvido em crianças e imunossuprimidos. “A emergência global faz com que países tenham a preocupação de buscar essas soluções, por mais vacinas e medicações e adotem cuidados para impedir o avanço da doença”, disse Prohaska.

 

CASOS DE VARÍOLA DOS MACACOS

A OMS estima que 98% dos casos de varíola dos macacos notificados em todo o mundo sejam entre "homens que se relacionam com homens" (HSH), o que engloba o grupo de gays e bissexuais, mas não se restringe a eles. No Brasil, médicos de São Paulo relatam percepção semelhante e o boletim mais recente do Ministério da Saúde aponta que essa população corresponde a 100% dos pacientes que declararam a orientação sexual na hora do diagnóstico. Ainda não se sabe o motivo de o contágio ser maior nesse grupo.

O infectologista Filipe Prohaska reforça que a transmissão da doença hoje,  não se restringe a um grupo populacional específico. No caso da transmissão através das relações sexuais, existe o fato de o contato ser mais intenso, o que independe se tratar de uma relação homossexual ou heterossexual.

"Ela possui um nível de transmissão muito elevado, que pode ocorrer antes de aparecerem os sintomas ou enquanto eles estiverem visíveis. Se houver sintomas que são sugestivos da doença, é necessário usar o distanciamento social, a máscara e higienizar as mãos", afirma.  Também é importante comunicar a unidade básica de saúde. 

 

TAGS
varíola dos macacos Organização Mundial da Saúde África
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory