REIKI: prática pode reduzir sintomas emocionais como medo da morte, pânico e ansiedade, diz estudo da Fiocruz

Técnica oriental de canalização da energia universal, o reiki é uma terapia de imposição de mãos e pode ser aplicada a distância
Cinthya Leite
Publicado em 16/08/2022 às 15:48
Reiki é uma terapia complementar que já é usada em diversos hospitais para aliviar sintomas de pacientes Foto: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS


Realizado por pesquisadores da Fiocruz durante a pandemia de covid-19, estudo aponta que o reiki é uma prática que pode reduzir sintomas emocionais como medo da morte, pânico e ansiedade com a melhoria da saúde mental. A pesquisa qualitativa destaca também que a escuta terapêutica é fundamental para gerar empatia, vínculo e redução do sofrimento psíquico.

Durante a pandemia, as práticas integrativas e complementares em saúde (PICs) se mostraram aliadas ao tratamento de pacientes com covid-19. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou, em maio de 2020, uma recomendação para que gestores públicos as incluíssem e divulgassem na assistência o combate ao coronavírus. 

Conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) de março de 2020 a dezembro de 2021, o estudo teve como objetivo aplicar o reiki (com escuta terapêutica em teleatendimentos via celular) em mulheres sob cuidados psiquiátricos na pandemia da covid-19, suprindo limitação do acesso presencial a consultas médicas e intervenções psicossociais.

O estudo foi conduzido pela pesquisadora em Saúde Pública Zelia Pimental Andrade e pelo médico psiquiatra Mario Roberto Romano. A metodologia seguiu diversas etapas, segundo Zelia. Entre elas, "o acolhimento para celebração de acontecimentos do cotidiano, da superação de desafios e valorização da vida, escuta terapêutica para nortear a conduta terapêutica e gerar vínculos entre usuário e terapeuta, aplicação de reiki via celular acompanhado de sons de alta vibração (como músicas para reiki), relato online das usuárias sobre efeitos do reiki para o terapeuta reikiano, conferidos nas consultas presenciais pelo psiquiatra", explica a cientista.

As mulheres não receberam outras terapias no período. Foram 92 teleatendimentos, com média de 17 por paciente, semanal e por uma hora. O estudo contou com oito mulheres com transtorno depressivo e agudo ou em remissão.

As escutas terapêuticas revelaram medo da morte, pânico, ansiedade, impotência, insônia, tristeza e dores no corpo. Os relatos dos efeitos do reiki incluíram paz, leveza, melhora do sono e das relações familiares. Já as consultas psiquiátricas mostraram redução da ansiedade, de dores no corpo e tristeza, melhora da autoestima e do autocuidado com redução e interrupção de medicações psiquiátricas.

"Como análise crítica, recomendamos que é necessária a oferta de reiki para um maior número de usuários atendidos pelos serviços de saúde mental e a longo prazo, para que a efetividade dos resultados possa ser melhor estabelecida", afirmam os pesquisadores.

Diante dos resultados, eles ressaltam a importância do acompanhamento do efeito do reiki na manutenção da saúde mental, "já que houve diminuição gradual das medicações psiquiátricas em metade das pessoas atendidas". Duas mulheres interromperam o uso, sob orientação médica.

REIKI: O QUE É E PARA QUE SERVE? 

O reiki é uma terapia de imposição de mãos e pode ser aplicada a distância. Neste ano de 2022, comemora-se o seu centenário. O reiki faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC, 2017) do Sistema Único de Saúde (SUS). Sem a necessidade do toque, o reiki é uma terapia japonesa centenária que também permite ser aplicada a distância.

Reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as práticas integrativas e complementares em saúde começaram a ser implementadas pelo SUS, de forma gratuita, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em 2006. Elas não substituem os tratamentos tradicionais, mas são benéficas no tratamento complementar de várias doenças, de acordo com estudos.

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