Às vésperas de 2023, Pernambuco só bateu meta de cobertura vacinal para a BCG

As coberturas vacinais em Pernambuco para as principais estratégias do calendário básico de vacinação ainda não ultrapassaram o percentual de 80%
Cinthya Leite
Publicado em 27/12/2022 às 8:04
A meta anual é vacinar 90% dos bebês menores de um ano com a BCG. Para os demais imunizantes, a meta estipulada é 95% Foto: IKAMAHÃ/SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE


De 15 vacinas do calendário básico infantil em 2022, apenas a BCG, que previne de formas graves de tuberculose, chegou à meta de vacinar 90% dos bebês menores de um ano em Pernambuco. A informação vem da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a pedido da coluna Saúde e Bem-Estar, do JC.

Os dados foram enviados na segunda-feira (26) e ainda são parciais, com base no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI/DataSUS).  

Ou seja, às vésperas do novo ano, Pernambuco ainda não atingiu a meta de cobertura vacinal para a maioria das vacinas em 2022.

Essa não é uma realidade isolada de Pernambuco. É o que ocorre em praticamente todo o Brasil, como reflexo de motivos diversos.

Entre as razões da queda das coberturas vacinais, está a percepção enganosa de parte da população de que não a imunização não se faz mais necessária porque as doenças desapareceram. Além disso, há a falta de campanha de incentivo por parte das autoridades de saúde, especialmente a nível federal. 

A meta anual é vacinar 90% dos bebês menores de um ano com a BCG. Para a febre amarela, a meta é 100%. Já para os demais imunizantes do calendário básico, a meta estipulada pelo Ministério da Saúde é 95%.

As coberturas vacinais em Pernambuco para as principais estratégias do calendário básico de vacinação ainda não ultrapassaram o percentual de 80%.

O cenário mais grave, no Estado, com a segunda dose da tríplice viral (cobertura está inferior a 50% do público-alvo; o mínimo recomendado é 95% de cobertura), que protege de sarampo, caxumba e rubéola.

A proteção contra as três doenças é dada com duas doses na vida, com intervalo mínimo de um mês, aplicadas a partir dos 12 meses de idade. 

Outra taxa de imunização que também preocupa, no Estado, é o da vacina contra poliomielite. Infelizmente a cobertura está bem longe da meta preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 95%, para manter o controle de uma doença que pode causar paralisia irreversível (geralmente das pernas). 

Os dados mostram que, na faixa etária menor de 1 ano, a cobertura contra poliomielite está em apenas 73,63%. No reforço, aos 4 anos, o índice é ainda menor: 65%. 

Veja como está a cobertura das vacinas do calendário infantil em Pernambuco, em 2022:

  • BCG – 92,56%
  • Hepatite A e B (menores de 1 ano de idade) – 69,35% e 75,13%
  • Rotavírus humano – 70,25%
  • Pneumocóccica (menores de 1 ano de idade) - 79,16%
  • Pentavalente (menores de 1 ano de idade) - 75,13%
  • Poliomielite (menores de 1 ano de idade) - 73,63%
  • Poliomielite (1º ref) – 65,01%
  • Menigocócica Conj. C (menores de 1 ano de idade) - 75,21% 
  • Menigocócica Conj. C (1 ano) – 76,8%
  • Febre amarela (menores de 1 ano de idade) - 50,87%
  • Tríplice viral (1ª dose) – 82,2%
  • Tríplice viral (2ª dose) – 49,44%
  • Pneumocócica (1 ano) – 76,47%
  • Varicela - 72,37%
  • DTP - difteria, tétano e coqueluche (1 ano - 1° ref) - 64,17%

Essas baixas coberturas vacinais possibilitam o aparecimento de novos casos de doenças graves e fatais

As coberturas vacinais abaixo da meta preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) elevam o risco de reintrodução de doenças, como a poliomielite, e possibilita o surgimento de bolsões de crianças e adolescentes desprotegidas contra as doenças consideradas imunopreveníveis.

"Enquanto existir um país no mundo com casos de poliomielite, precisamos manter as altas coberturas vacinais. Com isso, garantir a não reintrodução do vírus da pólio", destaca a superintendente de Imunizações do Estado, Ana Catarina de Melo.

"A poliomielite é uma doença grave, podendo levar à paralisia dos membros inferiores, como até causar o óbito. Essa doença tem, em seu histórico, o acometimento de muitas crianças nas décadas de 70 e 80. Após o grande uso da vacinação, nós reduzimos e não tivemos mais nenhum caso há mais de 30 anos no Brasil", acrescenta Ana Catarina. 

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