De 15 vacinas do calendário básico infantil em 2022, apenas a BCG, que previne de formas graves de tuberculose, chegou à meta de vacinar 90% dos bebês menores de um ano em Pernambuco. A informação vem da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a pedido da coluna Saúde e Bem-Estar, do JC.
Os dados foram enviados na segunda-feira (26) e ainda são parciais, com base no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI/DataSUS).
Ou seja, às vésperas do novo ano, Pernambuco ainda não atingiu a meta de cobertura vacinal para a maioria das vacinas em 2022.
Essa não é uma realidade isolada de Pernambuco. É o que ocorre em praticamente todo o Brasil, como reflexo de motivos diversos.
Entre as razões da queda das coberturas vacinais, está a percepção enganosa de parte da população de que não a imunização não se faz mais necessária porque as doenças desapareceram. Além disso, há a falta de campanha de incentivo por parte das autoridades de saúde, especialmente a nível federal.
A meta anual é vacinar 90% dos bebês menores de um ano com a BCG. Para a febre amarela, a meta é 100%. Já para os demais imunizantes do calendário básico, a meta estipulada pelo Ministério da Saúde é 95%.
As coberturas vacinais em Pernambuco para as principais estratégias do calendário básico de vacinação ainda não ultrapassaram o percentual de 80%.
O cenário mais grave, no Estado, com a segunda dose da tríplice viral (cobertura está inferior a 50% do público-alvo; o mínimo recomendado é 95% de cobertura), que protege de sarampo, caxumba e rubéola.
A proteção contra as três doenças é dada com duas doses na vida, com intervalo mínimo de um mês, aplicadas a partir dos 12 meses de idade.
Outra taxa de imunização que também preocupa, no Estado, é o da vacina contra poliomielite. Infelizmente a cobertura está bem longe da meta preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 95%, para manter o controle de uma doença que pode causar paralisia irreversível (geralmente das pernas).
Os dados mostram que, na faixa etária menor de 1 ano, a cobertura contra poliomielite está em apenas 73,63%. No reforço, aos 4 anos, o índice é ainda menor: 65%.
Essas baixas coberturas vacinais possibilitam o aparecimento de novos casos de doenças graves e fatais.
As coberturas vacinais abaixo da meta preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) elevam o risco de reintrodução de doenças, como a poliomielite, e possibilita o surgimento de bolsões de crianças e adolescentes desprotegidas contra as doenças consideradas imunopreveníveis.
"Enquanto existir um país no mundo com casos de poliomielite, precisamos manter as altas coberturas vacinais. Com isso, garantir a não reintrodução do vírus da pólio", destaca a superintendente de Imunizações do Estado, Ana Catarina de Melo.
"A poliomielite é uma doença grave, podendo levar à paralisia dos membros inferiores, como até causar o óbito. Essa doença tem, em seu histórico, o acometimento de muitas crianças nas décadas de 70 e 80. Após o grande uso da vacinação, nós reduzimos e não tivemos mais nenhum caso há mais de 30 anos no Brasil", acrescenta Ana Catarina.