Para as crianças, o início do ano traz sempre um sentimento de ansiedade com a proximidade da volta às aulas.
Os alunos ficam querendo saber quem são os novos professores, quais serão os desafios e como será o reencontro com os colegas.
Neste momento em que muitas famílias se organizam para a volta às aulas, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) demonstra preocupação com o uso das mochilas escolares, já que comumente as deformidades da coluna podem ser ocasionadas por excesso de peso nas costas.
"A má postura e o uso inadequado da mochila escolar podem gerar dor ou incômodo. Então, é fundamental a avaliação de um ortopedista", ressalta o presidente da SBOT, João Antônio Matheus Guimarães.
Entre as crianças, os sintomas e as queixas mais comuns e normalmente ocasionados pelo uso inadequado das mochilas são a dor e o desconforto na região lombar e dorsal.
De acordo com o presidente do Comitê de Ortopedia Pediátrica da SBOT, Francisco Carlos Salles Nogueira, os espasmos musculares e os desvios na coluna causados pelo mau uso das mochilas podem evoluir para um desvio postural permanente.
"Porém, por estarem em fase de desenvolvimento corporal, a resposta das crianças ao tratamento é mais rápida e, seguindo as recomendações médicas a tempo, o problema tende a se resolver com maior facilidade", afirma.
Dessa maneira, a SBOT chama a atenção de pais e professores para que fiquem atentos ao uso correto das mochilas, com o objetivo de prevenir possíveis desequilíbrios da musculatura e lesões na coluna.
É importante levar em consideração a idade e a altura da criança.
O tamanho da mochila não pode ultrapassar a extensão da coluna toracolombar (região que liga a coluna torácica à lombar).
Ou seja, a mochila precisa estar na altura dos ombros até no máximo cinco centímetros acima da linha da cintura.
A parte traseira da mochila deve respeitar a largura das costas da criança e ser acolchoada, assim como as alças, que precisam ser reguláveis.
Tiras abdominais das mochilas garantem uma melhor fixação e podem ser uma boa opção.
Apenas ter uma mochila adequada não é suficiente.
"É necessário estar atento à colocação correta dos objetos dentro da mochila", orienta Francisco Nogueira.
"Deve-se, preferencialmente, colocar o material mais pesado na parte posterior da mochila, em contato com as costas, dando preferência ao uso de cadernos mais finos e individualizados", recomenda Francisco Nogueira.
Ele explica que se deve evitar, sempre que possível, carregar material desnecessário e respeitar obrigatoriamente o máximo de 10% do peso corporal da criança.
Além disso, ambas as alças devem sempre ser utilizadas e reguladas para que a mochila esteja rente ao corpo, facilitando a postura.
Para crianças menores ou que necessitam transportar muito material, vale considerar o uso de mochilas com rodinhas, cujo puxador tem que ser regulado para ficar ao nível da pelve.
Os pais devem incentivar os filhos a falar sobre suas dores ou desconfortos e, se necessário, negociar com a escola a disponibilização de espaços para armazenar materiais que não serão utilizados ao longo do dia.