IMIP realiza primeiro TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA não aparentado e aumenta chances de CURA de paciente

Transplante não aparentado é aquele em que não há nenhum grau de parentesco entre o doador e o receptor
Cinthya Leite
Publicado em 30/01/2023 às 12:31
"Depois do transplante, eu nasci de novo", diz Cilene Maria da Silva, de 43 anos, diagnosticada com síndrome mielodisplásica (SMD), patologia pré-cancerosa que pode evoluir para uma leucemia Foto: DIVULGAÇÃO/IMIP


O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) realizou seu primeiro transplante de medula óssea (TMO) não aparentado.

O transplante não aparentado é aquele em que não há nenhum grau de parentesco entre o doador e o receptor.

Nesse caso, o doador é selecionado a partir da busca feita no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea no Brasil (Redome) ou internacional, caso não seja encontrado um doador em território nacional.

O procedimento amplia as chances de cura da paciente Cilene Maria da Silva, de 43 anos, diagnosticada com síndrome mielodisplásica (SMD), uma patologia pré-cancerosa que pode evoluir para uma leucemia.

Ela recebeu alta do Imip no último dia 17, após boa resposta ao transplante. 

No dia 13 deste mês, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou lei que visa facilitar a localização de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

A lei permite que os hemocentros peçam dados recentes a órgãos públicos, concessionárias de serviços públicos, serviços de proteção ao crédito e familiares dos doadores. 

No Imip, o procedimento de Cilene foi realizado no dia 30 de dezembro de 2022.

Cilene é moradora da cidade de Agrestina, cidade no Agreste de Pernambuco, a mais de 150 quilômetros do Recife.

Ela precisava se deslocar para a capital pernambucana com frequência para realizar transfusões.

"Eu ficava muito cansada. Depois do transplante, eu nasci de novo, mudou tudo na minha vida. Eu agradeço a Deus, e a pessoa que doou para mim. Espero que Deus a abençoe todos os dias", comemora.

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA, COMO É FEITO?

O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento que consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma medula saudável.

O Imip realiza, desde 2014, o procedimento entre pessoas aparentadas. 

"O Imip foi credenciado para realizar o transplante de medula óssea entre não aparentados no final de 2019. Mas, com a pandemia de covid-19, não conseguimos implantar o início do programa", explica a hematologista e coordenadora médica do Transplante de Medula Óssea do Imip, Mariana Coutinho

"Em 2022, com a diminuição do número de casos de covid e com as vacinas, conseguimos organizar e iniciar o programa", acrescenta Mariana. 

Segundo a médica do Imip, a paciente necessita de transfusões de sangue frequentes.

"Dona Cilene, em particular, sofria com anemia intensa, células de defesa baixas e plaquetas baixas. Ela dependia de transfusões de sangue regularmente e não respondeu ao tratamento com a medicação", diz Mariana. 

A médica ressalta que o "transplante vai melhorar muito a qualidade de vida da paciente, que não vai mais precisar transfundir, reduzirá o número de infecções e internamentos." 

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA O QUE É

O transplante é a substituição de células doentes de medula óssea por células saudáveis.

A medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida popularmente por ‘tutano’.

Na medula óssea, são produzidos os componentes do sangue. Por isso, a medula óssea é considerada a fábrica do sangue.

As células sadias da medula óssea podem ser obtidas de um doador ou do sangue de cordão umbilical.

A doação de medula óssea é um ato de solidariedade e pode ajudar pacientes que têm o transplante como única chance de cura.

O transplante de medula óssea é um tratamento indicado para pacientes com doenças de sangue, como leucemia, linfomas e alguns tipos de anemia.

No Brasil, a chance de encontrar medula compatível é de uma em cem mil.

Por isso, quanto maior o número de doadores cadastrados, maiores as chances dos pacientes.

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