CÂNCER DE MAMA

DIA NACIONAL DA MAMOGRAFIA: Quando se deve fazer uma mamografia? Mamografia dói? Veja o que médica diz sobre o exame

Mamografia é o exame mais eficaz para o diagnóstico precoce do câncer de mama

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 03/02/2023 às 17:16 | Atualizado em 03/02/2023 às 17:22
CHICO BEZERRA/PJG
A mamografia é o único exame, cuja aplicação em programas de rastreamento, apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade por câncer de mama - FOTO: CHICO BEZERRA/PJG

O cenário do câncer de mama não deixa de trazer preocupações no Brasil. Depois do tumor de pele não melanoma (31,3% do total de casos), o câncer de mama feminino é o mais incidente no País (10,5%). A mamografia, cujo dia nacional é lembrado neste domingo (5/2), é o exame mais eficaz para o diagnóstico precoce do câncer de mama

"Aproveitamos a data para alertar as mulheres brasileiras sobre a necessidade atualizar exames. Mais do que prevenção, temos que repetir exaustivamente que o diagnóstico precoce do câncer de mama salva vidas, e isso só conseguimos com uma rotina periódica de acompanhamento (que inclui a mamografia)", orienta a médica radiologista Beatriz Maranhão. 

Ela é membro da Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e da Sociedade de Radiologia de Pernambuco, além de professora convidada e médica radiologista do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).

VINICIUS RAMOS/DIVULGAÇÃO
"O diagnóstico precoce do câncer de mama salva vidas, e isso só conseguimos com uma rotina periódica de acompanhamento (que inclui a mamografia)", diz a médica radiologista Beatriz Maranhão - VINICIUS RAMOS/DIVULGAÇÃO

Instituto Nacional do Câncer (Inca) destaca que o número estimado de casos novos de câncer de mama no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 73.610 casos. Isso corresponde a um risco estimado de 66,54 casos novos a cada 100 mil mulheres.

O maior problema é que, no Brasil, mais de 60% desses dos diagnósticos acontecem em estágio avançado do câncer de mama, o que leva a tratamentos mais agressivos, mutilações e outras complicações.

MAMOGRAFIA DIGITAL

mamografia é o único exame de imagem que reduz a mortalidade do câncer de mama, por detectar precocemente de tumores na mama em estágios iniciais, ainda não palpáveis.

MAMOGRAFIA: TIRE SUAS DÚVIDAS NO VÍDEO ABAIXO

Em 2000, a Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória dos Estados Unidos, aprovou o primeiro mamógrafo digital.

Logo em seguida, ainda no ano 2000, o mastologista Henrique Alberto Portella Pasqualette inicia a mamografia digital no Rio de Janeiro.

"Em mamas extremamente densas e no rastreamento de pacientes de alto risco, associamos à mamografia a exames complementares como ultrassonografia e ressonância magnética. As alterações suspeitas são investigadas através de biópsias e punções guiadas por imagem", explica Beatriz.

EXAME DE MAMOGRAFIA DÓI?

A médica Beatriz Maranhão diz que alguns pacientes reclamam do incômodo na compressão das mamas, mas a técnica é para radiografar a mama em toda a sua extensão e garantir a qualidade da imagem.

Como é a dor da mamografia?

"A intensidade do desconforto varia de acordo com a pessoa, mas é uma dor suportável que dura menos de dez segundos", frisa Beatriz. 

A cobertura mamográfica no Brasil é considerada muito baixa. Apesar da subnotificação e dificuldade de colher dados na rede pública, estatísticas mostram que ainda há um caminho longo para o País atender a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, a cobertura mamográfica da população-alvo tem se mantido inferior a 30% nos últimos 14 anos, independentemente do governo.

A OMS recomenda que, no mínimo, 70% das mulheres com idade entre 40 e 69 anos devem ser inseridas em programas de rastreamento. 

MAMOGRAFIA IDADE

A lei nº 14.335, de 10 de maio de 2022, garante o acesso a mamografia a todas as mulheres a partir dos 18 anos. No Sistema Único de Saúde (SUS), o rastreamento mamográfico é bianual, dos 50 aos 69 anos.

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Federação Nacional das Associações de Ginecologistas e Obstetras (FEBRASGO) e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) recomendam mamografia de rastreamento anual a partir dos 40 anos.

Em 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 3.246.960 de mamografias (SISCAN/Datasus).

O volume foi maior do que no ano anterior, quando foram feitas 2.680.472 mamografias, e do que em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, quando apenas 1.868.352 mulheres se submeteram ao exame na rede pública.

Todos os exames realizados, em 2022, na rede pública corresponderam a uma cobertura de cerca de 28% da população feminina com idade entre 50 e 69 anos, estimada em cerca de 11,4 milhões (10,49%) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2022 (108,7 milhões ou 51,1% do total de 212,7 milhões de habitantes).

QUANDO SE DEVE FAZER UMA MAMOGRAFIA?

Por uma determinação do Ministério da Saúde, o SUS só oferece a mamografia de rotina (quando não há sinais ou sintomas relacionados ao câncer de mama) - e, como informamos mais acima, a mulheres com idade entre 50 e 69 anos.

"O pior é que os estudos atuais apontam que 25% das mulheres brasileiras que terão câncer de mama estão na faixa etária entre 40 e 49 anos de idade", alerta Beatriz Maranhão.

QUAL A IDADE MÍNIMA PARA FAZER MAMOGRAFIA?

Quando há casos de câncer de mama ou ovário em parentes próximas, o rastreamento (com a mamografia) deve começar aos 30 anos.

"A luta dos especialistas agora é para o Ministério da Saúde passar a oferecer a mamografia de rotina a partir dos 40 anos, em breve. Mas daí vamos enfrentar outro problema: as filas enormes por exames na rede SUS, que pioraram ainda mais com a pandemia de covid-19", salienta a médica.  

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