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Retrocesso na Saúde: Raquel Lyra fecha hospital de retaguarda em neurologia, e Restauração desponta com dezenas de pacientes pelos corredores

Além do HR, o Pelópidas Silveira, que também tem urgência neurológica, enfrenta superlotação, com 90 pacientes pelos corredores

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 20/06/2023 às 10:58 | Atualizado em 21/06/2023 às 10:47
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Hospital da Restauração (HR) volta a ter o cenário caótico na emergência neurológica - FOTO: REPRODUÇÃO/WHATSAPP

Aberto em março de 2022 para evitar o colapso do Hospital da Restauração (HR), que é a maior emergência pública do Norte e Nordeste do Brasil, o Hospital de Retaguarda em Neurologia (HRN), no Prado, Zona Oeste da cidade, será fechado no próximo dia 30

A confirmação é do governo de Pernambuco, através da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), que anunciou um processo de readequação de leitos na manhã desta terça-feira (20). 

Infelizmente, o que a SES chama de incremento na sua divulgação representa um déficit, confirmado pelos profissionais de saúde ouvidos pela coluna Saúde e Bem-Estar, deste JC

Com a abertura do Hospital de Retaguarda em Neurologia (HRN), equipes do HR contam que a unidade no Prado cumpria o papel de oferecer assistência neurológica com dignidade aos pernambucanos. 

Mas, desde o dia 15 deste mês, o HRN não recebe mais novos pacientes, pois fechará as portas daqui a 10 dias. 

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Com isso, o Hospital da Restauração (HR) volta a ter o cenário caótico na emergência neurológica.

Localizado no Derby, área central da cidade, o HR desponta mais uma vez com superlotação: nesta terça-feira (20), há 66 pacientes pelos quatro corredores da emergência neurológica.

"Todos lotados, e os pacientes começam a ir para áreas em frente ao refeitório e ao laboratório", denuncia uma médica do HR. 

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Superlotação no Hospital da Restauração - REPRODUÇÃO/WHATSAPP

Na nota divulgada nesta terça-feira (20), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informa que decidiu manter em funcionamento os hospitais de retaguarda Brites de Albuquerque, em Olinda, e o antigo Alfa (Hospital Nossa Senhora das Graças), na Zona Sul do Recife.

O antigo Alfa terá 30 vagas de enfermaria.

E o Hospital do Tricentenário, em Olinda, ganhará 20 novos leitos - também de enfermaria. 

Mas esses 50 leitos anunciados pela SES-PE não resolvem o problema. Será difícil atender a demanda que era do Hospital de Retaguarda de Neurologia. Dessa maneira, sofrem pacientes, profissionais de saúde e famílias dos doentes

Hoje o Hospital de Retaguarda em Neurologia (HRN) conta com 75 leitos de enfermaria e 10 leitos em unidade de terapia intensiva (UTI). 

Ou seja, a readequação anunciada pela SES-PE deixa lacunas na assistência neurológica.

Perdem-se 10 vagas de UTI. E mesmo abrindo 50 de enfermaria em dois hospitais, para onde vão os outros 25 (para fechar os 75 do HRN)

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Superlotação no Hospital da Restauração - REPRODUÇÃO/WHATSAPP

Outro problema em questão: a equipe do Hospital de Retaguarda em Neurologia (HRN) foi treinada e capacitada para atender os pacientes com quadros neurológicos, como acidente vascular cerebral (AVC) e epilepsia. Essa equipe não será direcionada a outras unidades (Alfa, Brites e Tricentenário), que também recebem pacientes com perfis assistenciais não neurológicos. 

Atualmente, o Hospital Alfa acolhe pacientes clínicos, neurológicos, pós-operados de neurocirurgia, além de pacientes geriátricos. Na unidade, são 260 leitos, sendo 100 de UTI.

Já o Brites conta com 150 leitos, sendo 60 deles de terapia intensiva para adultos e 30 pediátricos, além de 40 leitos clínicos para adultos e 20 de enfermaria pediátrica. 

Quando divulgamos a abertura do Hospital de Retaguarda em Neurologia (HRN), em 2022, ouvimos o diretor-geral da unidade na época, Pedro Correia. "Nosso foco maior é desafogar a ocupação da Restauração. Em abril, recebemos 139 pacientes. Desse total, 90% foram encaminhados do HR. Os demais foram do Hospital Pelópidas Silveira (HPS, também referência em neurologia)", informou Pedro, naquela ocasião.

Com o fechamento do HRN, o Pelópidas Silveira acumula, nesta terça-feira (20), 90 pacientes pelos corredores

Ou seja: as duas urgências em neurologia do Estado (Pelópidas e Restauração) têm, juntas, 156 pacientes nos corredores

A precariedade sustentada pelos hospitais públicos de Pernambuco exprime consequência de uma das mais graves crises da saúde.

Os principais sintomas dessa decadência estrutural são experimentados pelos pacientes, que se afligem sem ter um espaço adequado e um leito para ter a saúde restabelecida. A população merece respeito e atendimento digno.

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Superlotação no Hospital da Restauração - REPRODUÇÃO/WHATSAPP

O QUE DIZ O GOVERNO DE RAQUEL LYRA 

A SES-PE explica que a readequação dos leitos (o que inclui o fechamento do  Hospital de Retaguarda em Neurologia) vem como consequência da proximidade do fim do estado de emergência decorrente da pandemia de covid-19, que vai ocorrer no dia 30 de junho. 

Cadê o legado da pandemia? Todos os leitos de UTI públicos estão ocupados em Pernambuco; fila de espera passa de 160 pacientes. LEIA CLICANDO AQUI

"O governo de Pernambuco, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), decidiu manter em funcionamento os hospitais de retaguarda Brites de Albuquerque, em Olinda, e o antigo Alfa (Hospital Nossa Senhora das Graças), na Zona Sul do Recife, onde abrirá 30 vagas de enfermaria. O Hospital do Tricentenário, localizado no Bairro Novo, em Olinda, também ganhará 20 novos leitos. Nas três unidades os pacientes contarão com suporte multiprofissional, exames laboratoriais e atendimento especializado. Apenas o Hospital de Retaguarda em Neurologia (HRN) será desmobilizado", anunciou a SES-PE. 

A pasta garante que os 50 novos leitos, que passam a integrar a rede estadual de saúde, servirão de retaguarda para as emergências de neurologia.

"Estamos vivenciando mais um momento desde o decreto do início da pandemia por parte da OMS. Se faz necessária a desmobilização dos serviços que possuíam em seu foco assistencial pcloserioritário o monitoramento de pacientes suspeitos e confirmados para covid-19, iniciando uma readequação da rede de saúde para ofertar à população pernambucana assistência especializada", destaca a secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti.

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