Pandemia de aids pode acabar até 2030, diz Unaids

No Brasil, há obstáculos causados especialmente pelas desigualdades, que impedem pessoas em situação de vulnerabilidade terem pleno acesso a recursos de prevenção e tratamento
Cinthya Leite
Publicado em 13/07/2023 às 15:12
No mundo, cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento para HIV/aids Foto: NE10


O novo relatório global divulgado, nesta quinta-feira (13), pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), mostra que há um caminho claro para acabar com a aids como ameaça à saúde pública. Esse caminho também ajudará o mundo a estar mais bem preparado para enfrentar futuras pandemias e a avançar no progresso em direção à conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

O relatório, intitulado O caminho que põe fim à aids, traz dados e estudos de caso que destacam que o fim da aids é uma escolha política e financeira, e que os países e lideranças que seguem esse caminho estão obtendo resultados extraordinários.

Dessa maneira, a pandemia de aids por acabar até 2030, segundo o novo relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Unaids.

Países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, República Unida da Tanzânia e Zimbábue já alcançaram as metas “95-95-95”.

Isso significa que, nesses países, 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV estão em tratamento antirretroviral que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida.

Outros 16 países, oito dos quais na África subsaariana, região que representa 65% de todas as pessoas vivendo com HIV, também estão próximos de alcançar essas metas.

Brasil alcançou, respectivamente, as taxas de 88-83-95.

No País, há obstáculos causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas.

"Ao mesmo tempo assistimos ao movimento em casas legislativas municipais, estaduais e até mesmo no congresso de apresentar legislações criminalizadoras e punitivas que afetam diretamente a comunidade LGBTQIA+, especialmente pessoas trans", alerta a oficial de Igualdades e Direitos do Unaids Brasil, Ariadne Ribeiro Ferreira.

"Esse movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e a discriminação de determinadas populações. Isso pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a aids até 2030."

O relatório destaca que as respostas ao HIV têm sucesso quando estão baseadas em uma forte liderança política.

Isso significa respeitar a ciência, dados e evidências; enfrentar as desigualdades que impedem o progresso na resposta ao HIV e outras pandemias; fortalecer as comunidades e as organizações da sociedade civil em seu papel vital na resposta; e garantir financiamento suficiente e sustentável.

O documento também enfatiza que o fim da aids não ocorrerá automaticamente. Em 2022, a cada minuto, uma pessoa morreu em decorrência da aids.

Cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento, incluindo 660 mil crianças vivendo com HIV. Mulheres e meninas ainda são desproporcionalmente afetadas, especialmente na África subsaariana.

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