O clima de Carnaval já toma conta das ruas, trazendo sentimento de descontração e alegria. Desfiles, blocos de rua e bailes exigem energia e hidratação suficientes para manter a intensa atividade neste período. Por isso, o folião deve estar preparado para curtir a festa sem perder a alegria ou sofrer nos dias seguintes.
Referência em traumato-ortopedia, cirurgia-geral e clínica médica, o Hospital Miguel Arraes (HMA/FGH), em Paulista, no Grande Recife, alerta para as doenças que surgem nesta época do ano por causa da aglomeração de pessoas e do esforço físico para acompanhar troças e blocos.
Confira as orientações:
Cuidados com o calçado
A recomendação principal é se preparar para aproveitar os dias de folia. São fundamentais uma boa hidratação, roupas leves e também calçados confortáveis para evitar lesões nos membros inferiores e na coluna.
O traumato-ortopedista Sormane Britto, diretor-geral do HMA, alerta primeiramente para o tipo de calçado que será usado.
"O calçado ideal para quem vai seguir troças e blocos nas ruas é um tênis confortável ou sapato sem salto, porque o tornozelo e o joelho é que suportam as sobrecargas do corpo e são partes de frequentes traumatismos", orienta.
"Exagerar no carnaval, com saltos inadequados no sobe e desce de ladeiras ou no passo do frevo, por exemplo, pode causar instabilidade e provocar lesões dos ligamentos ou dos meniscos", alerta Sormane.
Outro cuidado importante é com a coluna lombar. Passos de dança e alguns tipos de comidas e bebidas alcoólicas podem sobrecarregar essa região.
A orientação é ficar alerta aos movimentos bruscos e optar pelo consumo de comidas leves e saudáveis, que facilitam a digestão, a fim de evitar infecções alimentares.
Atenção para a mononucleose (doença do beijo) e para as infecções sexualmente transmissíveis
A mononucleose, conhecida popularmente como doença do beijo, é bastante comum na época de Carnaval.
Transmitida por vírus, a doença atinge geralmente jovens de 15 a 25 anos. Entre as manifestações, estão febre, dor nas articulações e garganta.
Apesar do nome, o beijo não é a única forma de contágio da mononucleose: a contaminação também se dá por espirro, tosse e saliva em copos, talheres e xícaras.
De acordo com a infectologista Camila Martins, os sintomas são semelhantes aos de uma gripe forte ou amigdalite bacteriana.
"A pessoa pode ter febre alta, dor na garganta, secreção nas amígdalas, tosse, fadiga, dor nas articulações e surgimento de gânglios no pescoço, além do surgimento de manchas vermelhas no corpo", detalha.
Não há um tratamento específico para a doença. O paciente deve ficar em repouso, se hidratar bem e evitar a automedicação, assim como ficar atento a sintomas como dor abdominal intensa e persistência de febre alta.
As pessoas também devem estar atentas às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) neste período. É imprescindível o uso de preservativos nas relações sexuais para evitar a transmissão de infecções, como sífilis, herpes, hepatites B e C, e HIV, causador da aids.
Como evitar e cuidar das viroses mais comuns
A combinação das prévias, dos dias de Carnaval, da aglomeração, da má alimentação, do excesso de atividades e pouco descanso pode levar a uma série de viroses que acomete o folião no pós-festa.
As viroses aparecem com mais frequência no Carnaval e no verão, quando há maior risco de contágio na ingestão de alimentos ou água contaminada. Os sintomas mais comuns são dores de cabeça, mal-estar, cansaço, inflamação na garganta, diarreia e vômito.
O coordenador do setor de Clínica Médica do HMA, Fábio Queiroga, alerta para a importância de procurar uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico.
"Não é o caso do médico detectar precisamente o vírus que está causando esses sintomas, mas, sim, ter a certeza que o paciente não apresenta sinais que possam indicar um outro problema, como dengue ou covid-19, que não apenas uma simples virose."
Em alguns casos, quadros de infecções mais graves podem aparecer nos primeiros dias de forma muito parecida com uma virose comum e só vêm manifestar claramente os sintomas após 48 ou 72 horas, com aparecimento de complicações como pneumonia e outras infecções associadas.
Redução de danos
Todos os anos, o Serviço Social do HMA se volta para a redução de danos no Carnaval. Trata-se de uma abordagem que visa minimizar danos sociais e à saúde associados ao uso de álcool e outras drogas.
A coordenadora do Serviço Social do HMA, Lucianna Rocha, enfatiza os cuidados com o uso prejudicial de álcool e outras drogas, e comportamentos de risco, como dirigir sob efeito de alguma substância, além do compartilhamento de cachimbos e seringas, entre outros materiais.