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SAÚDE

Remédio para diabetes pode proteger do Parkinson, segundo estudo

Estudo publicado no New England Journal of Medicine revelou relação entre medicamento para diabetes e prevenção do Parkinson

Cadastrado por

Flávio Oliveira

Publicado em 05/04/2024 às 8:54
Humanos serão testados ainda esse ano para avaliar os efeitos da insulina oral no tratamento de diabetes
Humanos serão testados ainda esse ano para avaliar os efeitos da insulina oral no tratamento de diabetes - jcomp/Freepik

Um estudo publicado no New England Journal of Medicine nesta quarta-feira (3) revela que um medicamento para diabetes pode retardar a progressão dos problemas motores associados à Doença de Parkinson.

O que é Doença de Parkinson?

A Doença de Parkinson é um transtorno do sistema nervoso que afeta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo e atualmente não possui cura. Os sintomas incluem tremores, lentidão nos movimentos, alterações na fala e problemas de equilíbrio, que tendem a piorar com o tempo.

Os pesquisadores investigaram o potencial de alguns medicamentos conhecidos como agonistas do receptor GLP-1, que imitam um hormônio intestinal e são utilizados no tratamento da diabetes e da obesidade, para proteger os neurônios.

Até o momento, os estudos sobre os benefícios clínicos desses medicamentos em pacientes com Parkinson eram limitados e os resultados não eram conclusivos.

O estudo

No novo estudo, 156 pacientes com Parkinson em estágio inicial foram selecionados aleatoriamente na França para receber lixisenatida, comercializada como Adlyxin e Lyxumia pela Sanofi, ou um placebo.

Durante um ano, o grupo que recebeu o tratamento, administrado por meio de injeções, não apresentou piora na incapacidade motora em comparação com o grupo tratado com placebo.

Os pesquisadores observaram que o efeito foi "modesto" e só foi perceptível quando avaliado por profissionais que os obrigaram a realizar tarefas como caminhar, levantar e mover as mãos. Segundo Olivier Rascol, neurologista da Universidade de Toulouse e autor principal do estudo, isso pode ser devido ao fato de que a Doença de Parkinson progride lentamente e diferenças mais significativas podem ser observadas com mais tempo de monitoramento.

No entanto, o medicamento causou efeitos colaterais gastrointestinais, como náuseas, vômitos e refluxo, e muitos pacientes também perderam peso.

Rascol e Wassilios Meissner, neurologista do Hospital Universitário de Bordeaux e coautor do estudo, enfatizaram a necessidade de mais pesquisas para confirmar a segurança e a eficácia do tratamento antes de sua administração aos pacientes.

Michael Okun, diretor-médico da Fundação Parkinson, observou que, embora as diferenças nos resultados dos pacientes não fossem clinicamente significativas do ponto de vista prático, elas deveriam chamar a atenção, estatisticamente falando, e gerar interesse para futuras investigações.

Ele destacou que os especialistas provavelmente discutirão se o estudo atende a um limite mínimo de neuroproteção, e é provável que não atinja.

*Com informações de Istoé

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