A infectologia é uma das especialidades médicas mais antigas da humanidade. A História traz vários registros de doenças causadas por microrganismos que causam grandes impactos com surtos, epidemias e pandemias. Basta revisitarmos a antiguidade e a idade média para perceber que as doenças diagnosticadas, pesquisadas e tratadas por infectologistas hoje têm origens e similaridades com as que já dizimaram comunidades inteiras e eram chamadas de “peste” no passado.
Fazemos esse relato para homenagear a especialidade neste 11 de abril, Dia Nacional do Infectologista. A data, oficialmente criada em 2005 pela Sociedade Brasileira de Infectologia, foi escolhida por ser o aniversário de nascimento do médico Emílio Marcondes Ribas, um dos nomes pioneiros no combate às doenças infecciosas no final do século 19 e início do século 20.
Como ciência, a infectologia passou a ser reconhecida no século 19 e desenvolve, até a atualidade, papel fundamental na prevenção, no diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas e parasitárias na população.
Entre as subespecialidades da carreira, está o infectologista pediátrico, profissional especializado em atender demandas de saúde relacionadas às crianças.
A infectologista pediátrica Alexsandra Costa, presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (Sopepe), explica que, para se tornar um infectologista pediátrico, após formar-se em medicina, o profissional precisa se especializar inicialmente em pediatria e, em seguida, em infectologia.
"Nossa atuação não é somente de tratar as doenças infecciosas e parasitárias no indivíduo, mas também cuidamos da prevenção e diagnóstico no contexto populacional, para além de um paciente, principalmente em surtos de doenças, epidemias, endemias ou pandemias", salienta.
Diretamente também inseridos no controle de infecções hospitalares, os infectologistas pediátricos são parte essencial em períodos de sazonalidade das doenças respiratórias em crianças, como no período de março a julho.
"Com a circulação viral intensificada ao longo desses meses, é necessário os pais e responsáveis se atentarem em manter o cartão de vacina atualizado, pois a imunização é a maior aliada na prevenção do surgimento de doenças causadas por infecções virais, além de evitar o aumento de internamentos e a sobrecarga da rede de saúde", destaca Alexsandra Costa.
Entre as doenças mais registradas neste momento de alta circulação viral, que compreende principalmente o primeiro semestre do ano, estão os casos de rinofaringes, bronquiolites, pneumonias virais, pneumonias bacterianas e, como consequência, casos de síndrome respiratória aguda grave (srag).
"Caso a criança já apresente sintomas gripais, é preciso estar em alerta, evitar enviar a criança para escola ou outros ambientes coletivos. Caso já tenha alguma piora ou persita os sintomas, é importante buscar um atendimento de saúde", completa a infectologista pediátrica.
Dicas de prevenção
Para ter uma convivência de menor risco ao período de sazonalidade dos vírus respiratórios na infância, as orientações da médica infectologista para os cuidados básicos com as crianças são: manter vacinação em dia, evitar exposição a aglomerações (especialmente os menores de 2 anos de idade) e lavar as mãos com água e sabão de maneira frequente.
Plano de contingência
Neste período de sazonalidade dos vírus respiratórios, o governo de Pernambuco, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), lançou, em fevereiro deste ano, o Plano de Contingência das Doenças Respiratórias Sazonais na Infância para o ano de 2024.
O documento indica diretrizes de atendimento e amplia áreas de atenção primária para os casos de síndromes respiratórias.
O plano, que tem como objetivo minimizar o impacto da alta demanda de internamentos, inclui a criação de novos leitos de internamento pediátrico na rede de saúde do Estado.
Após o lançamento do documento, foram abertos 10 leitos pediátricos no Hospital Dom Malan (Petrolina); 10 de UTI pediátrica, 16 de enfermaria neo/pediátrica e 10 de UTI neonatal no Hospital Regional de Palmares (Palmares); 10 leitos de UTI pediátrica no Hospital Regional Emília Câmara (Afogados da Ingazeira), 10 leitos de UTI pediátrica e 4 de enfermarias no Hospital Eduardo Campos (Serra Talhada), além de 10 vagas de enfermaria pediátrica no Hospital João Murilo de Oliveira (Vitória de Santo Antão).