O que é PMMA e por que o CFM pede seu banimento no Brasil?
Material sintético é atrativo em procedimentos estéticos por seu caráter permanente e baixo custo, entretanto, o uso apresenta riscos à saúde

O polimetilmetacrilato (PMMA) é um material sintético utilizado em diferentes áreas da medicina, principalmente em procedimentos estéticos e odontológicos.
Trata-se de uma substância composta por microesferas de um tipo de plástico biocompatível, que é injetado no corpo para preencher tecidos e corrigir imperfeições.
“O PMMA é um gel preenchedor de baixo custo e caráter permanente, o que atrai muitos pacientes. Mas possui alta taxa de complicação a longo prazo, podendo manifestar reações mesmo após anos da aplicação, como nódulos e inflamação”, explica a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia
“Além disso, é uma substância que não conseguimos remover de maneira isolada. Então, se necessária devido a complicações, essa remoção pode danificar os tecidos preenchidos, causando deformação”, completa.
Apesar de sua utilização aprovada em casos específicos, como no tratamento de deformidades faciais ou para correções ósseas, o uso inadequado ou fora das normas tem causado graves riscos à saúde.
Principais usos do PMMA
O PMMA é usado em procedimentos estéticos para aumento de volume em regiões como glúteos, panturrilhas, lábios e face.
Na medicina, pode ser indicado para pacientes com perda de tecido em consequência de doenças ou traumas, além de ser aplicado em algumas intervenções odontológicas e ortopédicas.
A substância é registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essas finalidades, desde que utilizada por profissionais devidamente habilitados.
Apesar de ser aprovado pela Anvisa para fins estéticos e reparadores, o PMMA é pouco utilizado em preenchimentos por dermatologistas e cirurgiões plásticos e não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Dermatologista e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Mas, ainda assim, é usado principalmente por não médicos devido ao baixo custo. "Hoje existem opções mais seguras para a realização de preenchimento, como o ácido hialurônico, substância padrão atualmente para esse fim", afirma a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Perigos associados ao PMMA
Apesar de ser considerado seguro em situações específicas, o PMMA apresenta sérios riscos à saúde quando utilizado de forma inadequada. Entre as complicações mais comuns estão:
- Processos inflamatórios crônicos: o organismo pode reagir à presença do material, desencadeando inflamações e formação de granulomas;
- Necrose tecidual: se o produto for injetado em áreas indevidas ou em quantidade excessiva, pode comprometer a circulação local, causando a morte do tecido;
- Embolia pulmonar: em casos graves, as microesferas do PMMA podem migrar para a corrente sanguínea, atingindo os pulmões e levando ao óbito;
- Dificuldade de remoção: uma vez aplicado, o PMMA não pode ser completamente removido, tornando irreversíveis algumas complicações.
A Anvisa alerta que o uso do PMMA deve ser restrito a indicações médicas bem estabelecidas e realizado exclusivamente por profissionais capacitados, como médicos e dentistas.
No entanto, a popularização de procedimentos estéticos com a substância, muitas vezes realizados por pessoas sem qualificação, tem elevado significativamente o número de complicações graves e fatais.
Pedido de proibição pelo CFM
Diante dos riscos crescentes, o Conselho Federal de Medicina (CFM) solicita à Anvisa, em reunião nesta terça-feira (21), o banimento do PMMA em todo o território nacional.
Segundo a entidade, a proibição deve incluir desde a fabricação até a comercialização e o uso da substância.
O CFM argumenta que os riscos associados ao PMMA superam os benefícios e que há alternativas mais seguras e eficazes para os procedimentos nos quais o material é empregado.
Além disso, destaca a necessidade de maior fiscalização e conscientização da população sobre os perigos de realizar procedimentos com profissionais não habilitados.
Influenciadora morre após procedimento com PMMA
O debate em torno da segurança do PMMA ganhou ainda mais relevância após a morte de uma influenciadora digital em Brasília, em julho de 2024.
A jovem de 33 anos faleceu após realizar um procedimento estético para aumento de glúteos com a substância. Segundo a família, o procedimento foi feito em uma clínica de estética. A influenciadora apresentou complicações graves e não resistiu.