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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe

Dicas de saúde, informações sobre especialidades da medicina, doenças e tratamentos

Câncer do colo do útero: HPV é a principal causa; saiba quais exames detectam a doença

O câncer cervical é um dos tumores malignos mais frequentes entre mulheres, mas com prevenção e diagnóstico precoce, as chances de cura são altas

Publicado em 30/01/2025 às 12:15 | Atualizado em 31/01/2025 às 10:12
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Janeiro é o mês de conscientização sobre a prevenção do câncer do colo do útero (CCU). De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer, também chamado de cervical, é um dos tumores mais comuns no Brasil e seu principal causador é o vírus do HPV.

Em 2021, o Atlas de Mortalidade por Câncer registrou mais de 6 mil mortes em decorrência da doença.

Apesar de grave, a detecção precoce por meio de exames de rastreamento pode reduzir significativamente a evolução do tumor.

Causas

O  câncer cervical é causado pela infecção persistente de alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV), especificamente os tipos oncogênicos.

O HPV é uma das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) mais comuns. Segundo o Ministério da Saúde, o vírus atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens.

Existem mais de 200 tipos de HPV, apenas os de alto risco podem desenvolver lesões que evoluem para o câncer.

Como se descobre o câncer do colo de útero?

O exame de colpocitologia oncótica, conhecido popularmente como 'preventivo', é a principal ferramenta para identificar alterações celulares no colo do útero que possam evoluir para o câncer.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, Maria Carolina Valença, ginecologista, especialista em doenças do HPV e Diretora científica da Associação Pernambucana dos Ginecologistas e obstetras (SOGOPE) explicou que o procedimento é indicado para quem  tem a vida sexual ativa, entre 25 e 65 anos.

Acervo pessoal
Maria Carolina Valença é ginecologista, diretora científica da Associação Pernambucana dos Ginecologistas e obstetras (SOGOPE) e membro da Comissão Nacional especializada Vacinas da Febrasgo - Acervo pessoal

"Pode ser realizado antes se tiver alguma alteração no exame ginecológico comum. Então essa paciente ela deixa de ser rastreio porque ela apresenta fator de risco", salienta a médica.

A recomendação é de realização anual até que dois exames consecutivos apresentem resultados normais, momento em que a periodicidade pode ser ampliada para a cada três anos.

Vale lembrar que o acompanhamento anual com ginecologista é muito importante.

"Mesmo que a paciente não seja elegível para exame preventivo, ela tem que ser examinada pelo ginecologista regularmente", completa Valença.

Exame mais avançado ainda não está disponível no SUS

O teste de PCR para detecção do HPV é o exame mais avançado para identificação do vírus no útero. Esse exame permite a identificação dos tipos de HPV de alto risco.

Então, se forem detectadas lesões suspeitas, uma biópsia pode ser realizada para avaliar o tipo de alteração (benigna, pré-maligna ou cancerígena).

Cigarro e pílulas anticoncepcionais podem ser agravantes para desenvolvimento da doença

Apesar do HPV ser o principal causador do câncer, existem outros fatores que podem facilitar a infecção pelo vírus e sua permânencia no colo do útero.

O cigarro, por exemplo, é um deles. "O fumo, seja o cigarro com convencional ou cigarro eletrônico também baixa as defesas da região genital", ressalta a ginecologista Maria Carolina. 

Outros fatores de risco são:

  • Tempo de exposição ao HPV: ou seja, quanto mais cedo se inicia a vida sexual, mais exposição;
  • Número de parceiros sexuais: o aumento do número de parceiros aumenta a probabilidade de infecção por diferentes tipos de HPV;
  • Uso de contraceptivos orais: pode reduzir a imunidade local, favorecendo a persistência do HPV;
  • Imunossupressão: pacientes com sistemas imunológicos enfraquecidos, como aqueles que vivem com HIV, têm maior risco de persistência do HPV. 

A médica enfatiza que as lesões de baixo grau (NIC 1) podem desaparecer em até 90% dos casos, já as lesões de alto grau (NIC 2 e NIC 3) podem evoluir para câncer.

Assista ao Videocast Saúde e Bem-Estar

Prevenção

O Inca registrou mais de 17 mil casos de câncer do colo do útero em 2022 e orienta que a vacinação contra o HPV é uma das medidas preventivas mais eficazes para reduzir o risco de desenvolvimento do tumor.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina quadrivalente (HPV 4), que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus.

Recentemente, a vacina nonavalente (HPV 9), que oferece proteção mais ampla, chegou ao País, mas apenas na rede particular.

A vacina é recomendada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, com um esquema de dose única.

Em grupos de risco, como pessoas vivendo com HIV ou transplantados, a vacinação pode ser estendida até os 45 anos.

Maria Carolina frisa que mesmo pessoas infectadas podem ter indicação para a vacina nonavalente.

"O HPV não provoca imunidade duradoura e não é capaz de produzir uma boa quantidade de anticorpos", diz.

Sintomas

Em estágios iniciais, o câncer de colo de útero muitas vezes não apresenta sintomas evidentes.

No entanto, "quando o câncer fica mais exuberante, a paciente geralmente pode sentir sangramento após as relações sexuais, é o sintoma clínico mais frequente", aponta a especialista.

As lesões pré-malignas  por HPV no colo do útero não apresentam sintomas, por isso, os exames são tão importantes.

Tratamento

O tratamento das lesões mais graves (NIC 2 e NIC 3) geralmente exigem remoção por meio de cirurgia  para prevenir a evolução para o câncer.

Já as verrugas genitais, embora não estejam associadas diretamente ao câncer, elas devem ser tratadas devido ao risco de transmissão

Caso haja o diagóstico do câncer, o tratamento pode incluir:

  • Cirurgia: a remoção do tumor em casos iniciais, pode ser curativa. Em estágios mais avançados, a histerectomia (remoção do útero) pode ser necessária;
  • Radioterapia: para casos mais avançados, a radioterapia pode ser utilizada para destruir as células cancerosas;
  • Quimioterapia: quando o câncer se espalha para outras partes do corpo, a quimioterapia pode ser recomendada para controlar a doença.

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