O viúvo do turista alemão Werner Duysen Gurkasch, de 81 anos, que morreu nesta quarta-feira (14), seis dias após ser internado com ferimentos por causa de um assalto violento no Centro do Recife, prestou depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Muito abalado, Wolfgang Duysen, 79, chegou por volta das 15h30 acompanhado de uma intérprete de línguas enviada pelo Consulado Alemão. A repórter Priscilla Cavalcanti, da TV Jornal, fez imagens da chegada do viúvo.
Na saída do DHPP, cerca de duas horas depois, o turista não falou com a imprensa.
O delegado Paulo Dias, gestor do DHPP, informou que não poderia dar informações sobre o depoimento para não atrapalhar as investigações em andamento.
A vítima não teria sido esfaqueada, como a polícia e testemunhas disseram inicialmente. O turista teria batido com a cabeça, durante o assalto, após cair no chão.
Mais cedo, a delegada Polyanne Farias, que também acompanha o caso, disse que o exame tanatoscópico no Instituto de Medicina Legal (IML) vai esclarecer essa dúvida e apontar a causa da morte do turista alemão.
A abordagem criminosa ocorreu perto da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, na Avenida Dantas Barreto. Werner e o marido estavam em um cruzeiro e haviam descido do navio para passear. O casal havia parado para fazer fotos perto da basílica.
Ambulantes que trabalham na área contaram à polícia que os turistas foram abordados por dois assaltantes, que teriam anunciado o assalto em português. Os estrangeiros não entenderam e acabaram sendo feridos. Em seguida, a dupla pegou celulares e os óculos das vítimas e fugiu.
Wolfgang Duysen teve apenas ferimentos leves e, durante seis dias, acompanhou o marido no Hospital Santa Joana.
As investigações, a partir de agora, serão tratadas como latrocínio (roubo seguido de morte). Um suspeito do crime, detido nessa terça-feira (13), após outro roubo, foi reconhecido em imagens de câmeras de segurança e acabou confessando que participou do assalto aos turistas. Os óculos roubados, inclusive, foram recuperados.
O suspeito, identificado como Jonas Félix de Souza, e um comparsa (que não tem relação com o assalto aos turistas) passaram por audiência de custódia, na tarde desta quarta-feira (14). A Justiça determinou a prisão preventiva deles. Ambos foram encaminhados ao Centro de Observação e Triagem (Cotel).
Além do suspeito que confessou o assalto aos turistas, outros três identificados estão sendo procurados pela polícia.
Werner Duysen passou anos lutando na Justiça para ter o direito a se casar com Wolfgang Duysen. O casal estava há 50 anos juntos.
O casamento oficial aconteceu em 1º de outubro de 2017. Reportagem publicada na imprensa internacional, na época, descreveu que os alemães foram o primeiro casal gay a se unir após a aprovação da lei, em Hamburgo, na Alemanha, que autorizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e com o direito de adotar filhos juntos.
Juntos a eles, outros casais homossexuais participaram da mesma cerimônia e se casaram.
A luta de Werner e Wolfgang pelo reconhecimento da união começou em 2009, quando eles processaram o Tribunal de Justiça Federal.
"Esperamos por este momento há muitos anos", disseram, antes do casamento, Werner e Wolfgang Duysen. “Finalmente somos iguais.”
Em 26 de novembro de 1997, quando completaram 25 anos de relacionamento, eles chegaram a se casar, usando vestidos de noiva, no Havaí. Já em agosto de 2001, registraram a união civil (que, na época, não tinha valor legal).
Em nota oficial, o Porto do Recife lamentou o falecimento do turista alemão. O texto diz que ele desembarcou do navio Norwegian Star, através do Terminal Marítimo de Passageiros, na última quinta-feira (08).
"A Porto do Recife reforça que toda a assistência possível foi prestada à vítima até ela ser encaminhada para o hospital e que a Secretaria de Defesa Social do estado está à frente das investigações", informou.
"Sobre o traslado do corpo, de acordo com informações do agente do navio, o passageiro era detentor de um seguro internacional de viagem (recomendado para viajantes em trânsito internacional), o qual foi acionado e está tratando do assunto junto ao consulado alemão", completou.
Já o Consulado Alemão disse, também em nota, que "o caso foi acompanhado desde o início e foi prestada a assistência aos cidadãos alemães. Informações adicionais de cunho privado não poderão ser compartilhadas".