Com informações da AFP
Líderes mundiais condenaram os ataques ocorridos neste domingo (8) em Brasília, nos quais manifestantes pró-Bolsonaro invadiram as sedes dos três Poderes, e declararam apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal em Brasília, uma semana após a posse de Lula, cuja eleição eles não reconhecem.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou os ataques à democracia, e à transferência de poder pacífica no Brasil.
"As instituições democráticas do Brasil têm nosso total apoio, e a vontade dos brasileiros não deve ser ameaçada. Estou ansioso para continuar trabalhando com Lula", disse.
O assessor Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que os Estados Unidos "condenam qualquer tentativa de fragilizar a democracia" no Brasil.
Um porta-voz da Segurança Nacional informou à AFP que Biden "tem sido informado e continuará sendo informado sobre isto".
Deputados norte-americanos ainda condenaram a presença de Bolsonaro nos EUA. "Ele é um homem perigoso. Deveriam mandá-lo de volta para seu país natal, o Brasil", afirmou o democrata Joaquin Castro, do Texas.
Na mesma linha, Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, publicou que dois anos depois do ataque ao Capitólio, "vemos fascistas tentando fazer o mesmo no Brasil". Na publicação, defendeu também a solidariedade a Lula e o fim do "refúgio" dos EUA a Bolsonaro.
O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu "respeito às instituições democráticas" no Brasil e destacou o "apoio inabalável" da França ao presidente Lula. "A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitadas! O presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França", escreveu, no Twitter.
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Segundo um comunicado do Ministérios das Relações Exteriores francês, "a França condena fortemente a violência em andamento contra três instituições da democracia brasileira: o Congresso, a Presidência da República e a Suprema Corte".
"Esses ataques constituem um questionamento inaceitável do resultado de uma eleição democrática, vencida sem ambiguidade, em 30 de outubro, por Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu suas funções como Presidente da República Federativa do Brasil em 1º de janeiro. A vontade do povo brasileiro, que pronunciou-se de maneira soberana, deve ser respeitada", completou a chancelaria.
"A França manifesta seu apoio ao presidente Lula, eleito democraticamente, e ao seu governo. Ela garante sua solidariedade ao povo brasileiro", concluiu o texto.
Vários legisladores macronistas eleitos, assim como da oposição de esquerda, denunciaram os "ataques da extrema direita", comparando a situação com a invasão do Capitólio, em Washington, por partidários do ex-presidente Donald Trump, em 6 janeiro de 2021.
O presidente do Conselho Europeu, braço executivo da União Europeia, Charles Michel, expressou sua "condenação absoluta" ao ataque. "Apoio total ao presidente Lula da Silva, eleito democraticamente por milhões de brasileiros, em eleições justas e livres", escreveu, no Twitter.
O mesmo apoio foi expresso pelo chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, que se disse "consternado" pelos atos de "extremistas violentos". A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, se disse "profundamente preocupada" e que "a democracia deve ser sempre respeitada".
Ela acrescentou em um tuíte em português que o Parlamento europeu está "ao lado" do presidente Lula "e de todas as instituições legítimas e democraticamente eleitas".
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AMÉRICA LATINA
Países da América Latina também condenaram os ataques. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, manifestou seu apoio ao governo de Lula. "Repreensível e antidemocrática a tentativa de golpe dos conservadores no Brasil, incentivados pela liderança do poder oligárquico, seus porta-vozes e fanáticos", criticou.
"Lula não está sozinho, tem o apoio das forças progressistas de seu país, do México, do continente americano e do mundo", acrescentou. López Obrador já havia demonstrado anteriormente seu apoio ao presidente brasileiro. No dia 2 de janeiro, o presidente expressou sua felicidade pela volta de Lula ao poder.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, se solidarizou com o governo Lula e convocou a região a se unir contra "a reação antidemocrática". "Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu apoio incondicional e do povo argentino a @LulaOficial diante dessa tentativa de golpe que está enfrentando", escreveu.
Fernández acrescentou que "como presidente da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e do Mercosul, coloco os países-membros em alerta para que nos unamos nessa inaceitável reação antidemocrática que está tentando se impor no Brasil".
O presidente argentino também pediu para que os países demonstrem "com firmeza e união nossa total adesão ao governo eleito democraticamente pelos brasileiros liderado pelo presidente Lula". "Estamos juntos com o povo brasileiro para defender a democracia e nunca mais permitir a volta dos fantasmas golpistas promovidos pela direita", insistiu.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, classificou como inapresentáveis os ataques praticados por bolsonaristas. "O governo do Brasil conta com todo o nosso respaldo frente a este covarde e vil ataque à democracia", publicou no Twitter.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu uma reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA) após o ocorrido.
"Propusemos o fortalecimento do sistema interamericano de direitos humanos aplicando as normas vigentes e ampliando a carta aos direitos das mulheres, ambientais e coletivos, mas a resposta são golpes parlamentares ou golpes violentos da extrema direita", escreveu.
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Manifestantes bolsonaristas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF na tarde deste domingo. Imagens mostraram os terroristas em grande quantidade vandalizando os prédios dos Três Poderes da República.
No Palácio do Planalto, o grupo entrou pelo Salão Nobre e subiu a rampa para o terceiro andar, onde fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente assinou decreto de intervenção federal na segurança do Distrito Federal e houve uma forte reação das forças de segurança, apesar da demora.
Mais de 150 criminosos foram presos em flagrante após a ação efetiva das forças de segurança contra os atos terroristas nos prédios públicos.
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