Com Estadão Conteúdo
Apesar de ter tido apoio de milicianos durante sua campanha eleitoral, a ministra do Turismo do governo Lula, Daniela Carneiro, nega envolvimento com eles e atribui a adversários as acusações.
"Inimigos querendo me queimar, mas não irão conseguir", escreveu a política na quarta-feira (04), em uma mensagem no WhatsApp que o Estadão teve acesso.
Daniela foi a deputada federal mais votada do Rio, no ano passado. Na campanha, ao lado do marido, aliou-se a Lula e ao PT. Sua chegada ao Ministério do Turismo foi através da indicação do presidente da União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), e do senador Davi Alcolumbre (AP).
No entanto, foi apurado pelo Estadão que uma ala do União Brasil, partido da popularmente conhecida Daniela do Waguinho, quer trocá-la porque ela não foi uma indicação da bancada da Câmara.
Mensagens
Daniela escreveu em mensagens que estava desconfortável com as notícias acerca do envolvimento da família do miliciano Juracy Alves Prudêncio, o Jura, em campanhas dela e na gestão de seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro.
"Desconfortável hoje. Jornalistas cochichando", disse Daniela ao seu chefe de gabinete na Câmara e futuro secretário executivo do ministério, identificado como Bento. "Talvez seja porque você já está impressionada. Aí as coisas ficam mais gritantes para você", respondeu ele.
Ex-policial militar Jura foi condenado e preso por chefiar uma milícia há quatro anos. Mesmo assim, já ocupou cargo na prefeitura do município na Baixada Fluminense. Ele teve a permissão para deixar a cadeia para trabalhar revogada pela Justiça.
"Não sou dramática. Isso não prosperará. Os trabalhos irão abafar a notícia ruim", completou.
Em conversa com outro contato, identificado como Doutor Santoro H.F., Daniela escreveu que não vai se envolver em crimes de quem quer que seja.
"Recebi muitos apoios, mas não respondo por outras pessoas. Não compactuo com qualquer ato ilícito. Cabe à política e à Justiça investigar e julgar casos que são da polícia e da Justiça.", afirmou.
Posicionamento de Rui Costa, Alexandre Padilha e Flávio Dino
Outros ministros do governo se posicionaram acerca da suposta relação de Daniela Waguinho com milicianos e da pressão do União Brasil para que ela seja substituída no cargo.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa foi um deles. "Não tem nada até aqui, nenhuma repercussão ou materialidade concreta que crie algum tipo de desconforto. Se surgirem coisas novas, aí é outra história, mas até o momento não há nada", disse.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também seguiu na defesa. "Nada do que tem até agora desabona a atitude dessa ministra.", afirmoou.
Por fim, ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o fato de haver uma imagem "não significa ter ligação com as atividades eventualmente ilegais dessas mesmas pessoas".
Ele sugeriu que a ministra deveria prestar esclarecimento. Segundo ele, hoje em dia políticos tiram fotos com todo mundo.