Rotina alterada constantemente, atenção redobrada em locais públicos e nenhuma liberdade. É assim que vivem três juízes e dois promotores de Justiça em Pernambuco que precisam contar com escolta policial 24 horas.
A proteção às autoridades que atuam no combate ao crime volta a receber atenção após uma operação da Polícia Federal revelar que integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) tinham planos de matar o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o promotor de São Paulo Lincoln Gakiya.
Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), os dois promotores de Justiça que se encontram sob proteção policial no Estado sofrem ameaças por causa da atuação deles. A segurança 24h se estendem também aos familiares dos servidores.
O MPPE explica que a instituição possui um Comitê de Segurança Institucional e um Subcomitê de Segurança de Pessoas que implementam as atividades para proteção e estão atentas em caso de necessidade de alteração nas estratégias.
Já o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) informa que, embora não haja registro concreto de ameaça de morte, houve uma análise criteriosa que identificou, por precaução, a necessidade de segurança policial 24h para três juízes. Por isso, foi solicitada a proteção à Secretaria de Defesa Social aos magistrados.
Por questão de segurança, os nomes dos promotores e juízes e as comarcas onde atuam em Pernambuco não serão revelados. O número de policiais envolvidos na escolta das autoridades também não pode ser informado.
Estudo do Centro de Pesquisas Jurídicas da Associação dos Magistrados do Brasil, em parceria com a Federação Latinoamericana de Magistrados e com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), revela que metade dos dos juízes brasileiros diz já ter sofrido ameaça à vida ou à integridade física.
A pesquisa, divulgada no mês passado, foi realizado em 11 países da América Latina. Percentualmente, o Brasil fica atrás apenas da Bolívia, onde 65% dos juízes disseram ter sofrido ameaças por causa do exercício da função pública.
Entre os magistrados entrevistados no Brasil, apenas 20% disseram se sentir totalmente seguros.
Em 2021, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou recomendação ao Poder Judiciário para que juízes em situações de risco adotem protocolos de segurança. Veja a lista:
Fornecer dados de sua agenda aos responsáveis pela sua proteção, com razoável antecedência;
Atender às orientações das equipes de segurança encarregadas da proteção, dispensando as formalmente em caso de discordância e assumindo voluntariamente os riscos a que está submetido;
Evitar ao máximo o desempenho de atividades laborais após o expediente forense, principalmente se adentrarem o período noturno;
Evitar a divulgação de informações para a imprensa que possam revelar os seus deslocamentos e locais de frequência habituais;
Evitar deslocamentos considerados de alto risco pela equipe de escolta, reservando-os, quando imprescindíveis, aos casos estritamente necessários;
Atentar para que as rotinas pessoais não comprometam as medidas protetivas, pois a situação de risco permanece durante 24 horas por dia.