A polícia de São Paulo vai investigar se outras pessoas ajudaram o adolescente de 13 anos a cometer o ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, na zona oeste da capital paulista. O menino chegou a dizer no Twitter o que faria e que seria nesta segunda-feira (27). Segundo o secretário de Segurança do Estado, Guilherme Derrite, as pessoas que curtiram ou comentaram as mensagens serão investigadas. O colégio ficará fechado por uma semana.
Questionado sobre monitoramento das redes, o secretário respondeu que a conta do adolescente era privada. Colegas também contaram à polícia que ele teria dito na escola que pretendia cometer o ato de violência. Segundo Derrite, outros ataques em escolas de São José dos Campos, Caçapava e Tupã, todas no interior do Estado, foram impedidos este mês pela polícia, que agiu antes dos agressores. "Ações já vêm sendo tomadas nas inteligências das polícias para evitar que tragédias como essa aconteçam", disse o secretário, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
Derrite pediu que a imprensa e a sociedade, pelas redes sociais, não divulguem os vídeos do ataque para que isso não estimule "adolescentes que estejam imbuídos de vontade de cometer novos atos". Especialistas também recomendam esse tipo de providência e que não se divulgue detalhes do agressor para que ele não seja tratado como exemplo para grupos violentos. Pesquisas internacionais mostram que há até três casos de violência em escolas após um primeiro ser divulgado.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo anunciou que já iniciou um processo de contratação de 150 mil horas de psicólogos para atender a rede de ensino de forma presencial durante um ano. Desde a pandemia, os atendimentos psicológicos são feitos remotamente. "Independentemente da tristeza de hoje, já estava no cronograma essa contratação, está na cotação de preços e já faremos a licitação", disse o secretário Renato Feder. Desde 2019, uma lei federal diz que as escolas da rede pública do País devem ter serviços de psicologia.
Segundo a secretaria, o agressor que agiu no colégio estadual nesta segunda-feira já tinha sido transferido para outra escola, em Taboão da Serra, e voltou no início deste mês para a Thomazia Montoro, na Vila Sônia. Feder informou que ele já tinha um histórico de violência e que essa teria sido a razão das transferências, mas evitou dar detalhes.
Segundo colegas, na semana passada, ele havia se envolvido em discussões, com acusações de cunho racista a outro aluno, durante a aula da professora Elizabeth Tenrero, que foi morta a facadas. Questionado como a escola agiu para mediar os conflitos entre o agressor e outros estudantes, Feder disse que a diretora pretendia conversar nesta segunda com o menino. "Ela me disse que a briga foi sexta-feira e ela tinha marcado para conversar com ele hoje", afirmou o secretário.
Feder afirmou ainda que o Estado vai ampliar o programa Conviva, em que profissionais trabalham nas escolas para lidar com conflitos, como brigas, agressão e discriminação. Atualmente, há 500 deles na rede. O secretário disse que todas as 5 mil escolas estaduais terão um educador do Conviva. "É uma rede de proteção importante. Não é da noite para o dia porque temos que treinar esses profissionais, mas vamos ampliar para que a gente consiga estar cada vez mais presentes nas escolas", disse. O programa foi criado após os atentados na Escola Estadual Raul Brasil, em 2019, em Suzano, quando 10 pessoas morreram e 11 ficaram feridas.
O ATAQUE
O adolescente de 13 anos esfaqueou quatro professoras e um aluno na manhã desta segunda-feira dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo. A professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu. O autor do ataque foi imobilizado e desarmado por duas professoras e apreendido pela polícia. O estudante tinha anunciado na véspera o ataque em uma rede social; há um mês, ele foi denunciado à polícia por vídeos simulando atos violentos.
Elisabeth dava aula de Ciências para o 8º ano quando foi esfaqueada pelo adolescente. Na sequência, quando atacava a professora de História Ana Célia Rosa, ele foi contido e desarmado pelas professoras Cíntia da Silva Barbosa e Sandra Pereira. Ana Célia era a única ferida que permanecia internada até a noite de ontem.
Ela passou por cirurgia à tarde no Hospital das Clínicas para sutura dos ferimentos e seu quadro era estável, segundo o Estado Outras duas professoras receberam atendimento nos Hospitais Universitário da USP e São Luiz, tiveram ferimentos superficiais e receberam alta, assim como um aluno (outro foi atendido por estar em choque).
PROFESSORES e ALUNOS são ESFAQUEADOS em escola de SÃO PAULO