Todos os dias, os gritos de socorro se multiplicam. E, mesmo com as campanhas de conscientização, a violência contra a mulher não diminui. Somente nos dois primeiros meses deste ano, 7.960 vítimas em Pernambuco procuraram a polícia para prestar queixa contra seus agressores. Uma média de 135 por dia.
Nesta quarta-feira (05), Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, é preciso reforçar às mulheres que elas precisam pedir ajuda sempre que forem vítimas de qualquer tipo de agressão, seja física ou verbal.
"É preciso que as mulheres procurem a polícia desde o primeiro sinal para que não haja um escalonamento da violência. A vítima de violência vai ser inserida na rede de proteção, assim como o agressor será punido", afirma a gestora do Departamento de Polícia da Mulher, Fabiana Leandro.
"O aumento no número de denúncias é positivo, porque mostra que as mulheres estão mais encorajadas. Mas é importante também que o homem entenda o que é a violência doméstica. Estamos passando por uma fase de reeducação e de enfrentamento dessa violência para salvar mais vidas", completa.
Entre 1º de janeiro e 28 de fevereiro de 2023, a polícia somou nove casos de feminicídio em Pernambuco (um a menos do que no mesmo período do ano passado). Quatro vítimas tinham entre 18 e 29 anos e cinco tinham entre 35 e 64 anos.
Uma das vítimas foi Marly Mendes Viana Acioli, 57, que foi atingida a facadas pelo companheiro, Heribaldo Peixoto Acioli, 69, no município de Garanhuns, no Agreste do Estado, em 23 de janeiro deste ano. Em seguida, o autor do crime tirou a própria vida. Os corpos foram encontrados pelos filhos do casal.
Em alusão ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, a Polícia Civil fará um mutirão para cumprimento de mandados de prisão em aberto no Agreste de Pernambuco. Também promete priorizar as prisões em flagrante relacionadas à violência contra a mulher.
Na manhã do dia 5 de abril de 2017, a fisioterapeuta Tássia Mirella de Sena Araújo, de 28 anos, foi assassinada a facadas no flat onde morava, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
As investigações apontaram que ela teve o quarto invadido pelo vizinho, o comerciante Edvan Luiz da Silva. Vizinhos ouviram os gritos, acionaram a polícia, mas já era tarde.
Tássia Mirella não tinha qualquer relação com o vizinho. Foi morta apenas pela condição de ser mulher.
O assassino foi autuado em flagrante por homicídio quadruplamente qualificado (feminicídio, emprego de meio cruel, recurso que tornou impossível a defesa da vítima e crime cometido para assegurar ocultação/impunidade de outro crime) e por estupro. Edvan foi condenado a 30 anos de prisão.
O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio foi escolhido em referência à data da morte de Tássia Mirella.
Para denúncias e informações, a Ouvidoria Estadual da Mulher atende gratuitamente pelo telefone 0800-281-8187. Em caso de emergência policial, a orientação é ligar para o 190.
Qualquer pessoa, como um vizinho, por exemplo, pode entrar em contato com a polícia caso perceba algum ato de violência.
Desde o início do mês de março, seis delegacias especializadas de Atendimento à Mulher estão funcionando 24h no Estado. Nove permanecem abertas apenas de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Veja lista das unidades abertas 24h:
- Recife (1° DEAM)
Praça do Campo Santo, s/n, Santo Amaro
Tel. (81) 3184.3352
- Jaboatão dos Guararapes (2° DEAM)
Estrada da Batalha, s/n, Prazeres
Tel. (81) 3184-3445
- Petrolina (3° DEAM)
Rua Castro Alves, 57, Centro
Tel. (87) 3866-6625
- Caruaru (4° DEAM)
Av. Portugal, n° 155, Universitário
(81) 3719-9106
- Paulista (5° DEAM)
Rua do Cajueiro, s/n, Praça Frederico Lundgren, Centro
(81) 3184-7072
- Olinda
Avenida Governador Carlos de Lima Cavalcanti, 2405, Casa Caiada