A advogada e professora universitária Raíssa Braga é a nova diretora-presidente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) em Pernambuco. Ela assume o lugar de Nadja Alencar, que estava no cargo desde a gestão anterior.
A mudança foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quinta-feira (20). Raíssa Braga, que é membra do Instituto Maria da Penha, assume a presidência da Funase com a missão de reestruturar as unidades socioeducativas, que, apesar de não estarem mais superlotadas, estão em condições precárias, com constantes casos de fugas em massa e sob denúncias de torturas envolvendo os agentes.
Vistorias que comprovaram o descaso, os maus-tratos e até ratos dormindo entre adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas no recife levaram o Ministério Público a pedir à Justiça, em 2021, o afastamento da então presidente da Funase Nadja Alencar. Mesmo assim, ela permaneceu no posto.
Com um total de 1.177 vagas nas unidades da Funase, o Estado tem hoje uma média de pouco mais de 600 socioeducandos. Ou seja, a taxa de ocupação não chega nem a 60%, bem diferente da realidade no começo da década passada.
De acordo com nota divulgada pela assessoria da Funase, Raíssa Braga tem experiência prática voltada a várias frentes do sistema de Justiça desde 2010, destacando-se a atuação como escrivã da Polícia Civil de Pernambuco, na advocacia criminal e no sistema socioeducativo.
"Chego com a missão de reforçar a implementação de uma cultura de paz na Funase e de garantir avanços no trabalho de reinserção social dos adolescentes e jovens que cumprem medida socioeducativa no Estado", declarou a nova diretora-presidente.
A Funase, assim como o sistema prisional, precisa de atenção especial do governo de Pernambuco no combate à violência. A expectativa é de que o programa Juntos pela Segurança, que ainda será lançado em substituição ao Pacto pela Vida, apresente projetos para os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.
Afinal o objetivo é de que, aos deixarem as unidades, esses garotos e garotas estejam aptos a viver em sociedade e não pratiquem novos atos infracionais.
Em 4 de julho, oito adolescentes da unidade de Garanhuns, no Agreste do Estado, conseguiram fugir por uma das entradas. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrou o momento da fuga em massa. A PM conseguiu recuperar seis no mesmo dia.
VEJA VÍDEO:
Outras duas fugas - uma delas em massa - foram registradas pela Funase no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, entre o final de maio e começo de junho.
Na primeira, seis adolescentes do sexo masculino conseguiram fugir da unidade, que é historicamente marcada por rebeliões, mortes violentas e fugas.
Os socioeducandos saíram do centro pulando um muro de cerca de quatro metros.
Dos seis fugitivos, a assessoria da Funase diz que dois deles foram recapturados pela Polícia Militar.
Quatro dias depois, houve mais uma fuga. O adolescente que cumpre medida socioeducativa teria pulado o muro e saído da unidade com facilidade.