Em meio à expectativa para o lançamentos dos editais, o governo de Pernambuco deu um novo passo para avançar no processo de realização dos concursos públicos para as polícias Militar e Civil e Corpo de Bombeiros. Nesta quarta-feira (9), o Diário Oficial do Estado publicou a criação de comissões que vão coordenar as seleções tão necessárias para diminuir o déficit de profissionais da segurança e reduzir a violência.
Em evento do lançamento do Juntos pela Segurança, no dia 31 de julho, a governadora Raquel Lyra assinou a autorização para a realização dos concursos. A promessa é de que sejam criadas 3.805 vagas, que estão distribuídas da seguinte forma:
Polícia Militar: 2.400 praças e 300 oficiais;
Bombeiros militares: 600 praças e 60 oficiais;
Polícia Civil: 250 agentes, 150 escrivães e 45 delegados.
No total, seis comissões foram criadas para coordenar e acompanhar a execução de todas as etapas do concurso público. Cada uma é formada por sete membros. Haverá quatro da Secretaria Estadual de Administração e três da Secretaria de Defesa Social (SDS).
A exceção é para a seleção pública de delegados, que contará com um membro da Ordem dos Advogados do Brasil-seccional Pernambuco (OAB-PE). Neste caso, a SDS contará com dois integrantes na comissão.
Apesar do anúncio de novos concursos públicos, a governadora Raquel Lyra afirmou que os editais só devem ser lançados em até 60 dias.
Na publicação, deve ser apresentado todo o calendário de provas e etapas necessárias para preenchimento das vagas prometidas.
O número de policiais que o governo de Pernambuco promete contratar a partir do concurso público será insuficiente para suprir o déficit. Na Polícia Militar, por exemplo, faltam cerca de 11 mil profissionais. E o Estado pretende contratar 2,4 mil praças.
A Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) também divulgou nota demonstrando preocupação com a "falta de diálogo" na construção da nova política de segurança pública.
O governo estadual disse que abrirá 45 vagas para delegados, mas, atualmente, há 56 delegacias sem titulares. Além disso, como pontuou a direção da Adeppe, há "13 delegacias não instaladas por completa ausência de efetivo".
"É sabido que o concurso anunciado para a Polícia Civil de tão-somente 45 delegados, 250 agentes e 150 escrivães é insuficiente para cobrir o déficit atual de servidores policiais civis, e até que venha a haver o desfecho do certame o quantitativo anunciado será mais insignificante ainda", declarou a Adeppe.
Na melhor das hipóteses, os novos policiais devem estar formados e nomeados entre o final de 2024 e primeiro semestre de 2025.
As estatísticas de violência preocupam em Pernambuco, porque 309 mortes foram somadas pela polícia no último mês de julho. O aumento foi de 26,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 244 crimes contra a vida foram registrados.
Segundo os dados publicados pela Secretaria de Defesa Social (SDS), a média foi de dez mortes violentas por dia em Pernambuco.
A Região Metropolitana do Recife registrou um aumento de crimes contra a vida bem acima da média do Estado. Ao todo, em julho, 143 pessoas foram mortas. Já no mesmo período do ano passado, foram 98. Isso significa que o crescimento de casos chegou a 45,9%.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, Pernambuco somou 2.101 mortes. Três a menos do que no mesmo período de 2022.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela SDS, estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.