CRIME

Justiça concede liberdade para policiais acusados de matar adolescente no Recife

Militares estavam presos desde outubro de 2022, após investigação indicar que eles mentiram em depoimentos e forjaram provas

Imagem do autor
Cadastrado por

Raphael Guerra

Publicado em 06/02/2024 às 11:08 | Atualizado em 06/02/2024 às 11:38
X

A Justiça concedeu a liberdade para dois policiais militares acusados de matar um adolescente durante abordagem no bairro de Sítio dos Pintos, Zona Norte do Recife. Os cabos José Monteiro Maciel de Lima e Clezya Patrícia de Souza Silva, réus por homicídio doloso duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa da vítima) e homicídio tentado, estavam presos desde outubro de 2022, após denúncia do Ministério Público de Pernambuco. 

A vítima foi Victor Kawan Souza da Silva, de 17 anos, morto em 11 de dezembro de 2021. Segundo testemunhas, ele e um amigo andavam de moto quando passaram a ser seguidos pela viatura policial. Houve uma perseguição e, pouco depois, Victor, que estava na garupa, foi baleado. Ele chegou a ser levado para uma UPA, mas já estava morto. 

Os policiais alegaram que o tiro foi disparado porque, durante a tentativa de abordagem, os garotos teriam reagido. Victor estaria sem capacete. Além disso, na época, a PM afirmou que um revólver calibre 38 com seis munições havia sido apreendido. Testemunhas negaram toda a versão da polícia.

Investigação apontou que os acusados teriam fraudado provas, inclusive simulado que o garoto estivesse armado. 

 


LIBERDADE PARA OS RÉUS

Os alvarás de soltura dos policiais foram assinados pela juíza Orleide Rosélia Nascimento Silva, da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, na semana passada, durante audiência de instrução e julgamento do processo.

O réu José Monteiro Maciel de Lima estava cumprindo a prisão preventiva no Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (Creed), em Abreu e Lima. Já Clezya Patrícia de Souza Silva estava em prisão domiciliar, sob o argumento de que ela tem dois filhos com idades entre 3 e 9 anos. 

A Justiça ainda vai decidir se os PMs vão a júri popular. Não há prazo definido para esse resultado. 

PROVAS APONTARAM QUE POLICIAIS MENTIRAM

Em depoimentos à polícia, após a morte de Victor Kawan, os PMs afirmaram que cada um teria deflagrado apenas dois tiros no momento da perseguição à moto. No entanto, testemunhas relataram cerca de dez disparos. Além disso, a vítima foi atingida nas costas - um indicativo de que não houve reação, como alegaram os policiais. 

A denúncia do Ministério Público indicou ainda que os PMs simularam que o adolescente estava com uma arma de fogo e que o corpo dele foi retirado da cena do crime, a pretexto de socorrê-la,  inviabilizando a realização de perícia que poderia elucidar os fatos. Exames do Instituto de Medicina Legal (IML) apontaram que a vítima morreu rapidamente. 

Tags

Autor