Notícias sobre segurança pública em Pernambuco, por Raphael Guerra

Segurança

Por Raphael Guerra e equipe
JÚRI POPULAR

Julgamento da 'Chacina de Poção' é interrompido após dia de depoimento remoto

Wellington Silvestre dos Santos, réu pelo crime, está preso na Paraíba desde 2016

Cadastrado por

JC

Publicado em 26/02/2024 às 22:15 | Atualizado em 27/02/2024 às 9:31
Júri popular do caso entrará em seu segundo dia nesta terça-feira - BETO DLC / JC IMAGEM

O primeiro dia de júri popular do crime que ficou conhecido como a "Chacina de Poção" foi marcado pela ouvida de testemunhas e pelo interrogatório do réu. O julgamento, iniciado nesta segunda-feira (26), está acontecendo na 4ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Thomaz de Aquino, no Recife. 

O crime ocorreu no município de Poção, no Agreste de Pernambuco, em fevereiro de 2015. Na ocasião, segundo a denúncia, o réu Wellington Silvestre dos Santos teria sido um dos criminosos que matou três conselheiros tutelares: Carmem Lúcia da Silva, 38 anos, José Daniel Farias Monteiro, 31, e Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, 54.

Ele também é acusado pela morte de Ana Rita Venâncio, avó materna da criança de 3 anos, que era alvo de disputa com a avó paterna (que seria autora intelectual do crime).

Foram ouvidos pelo juiz Abner Apolinário, que preside o júri, o delegado Erick Lessa, que comandou as investigações, e o réu, que participou por videoconferência, já que ele está preso na Paraíba desde 2016. Em boa parte do interrogatório, o réu preferiu ficar em silêncio.

Leia Também

A acusação acredita que existam provas suficientes para que o acusado seja condenado pelos quatro homicídios qualificados pela emboscada, mediante pagamento e com característica de grupo de extermínio. "Estamos pedindo a condenação do quádruplo, ou seja, dos homicídios das quatro vítimas", enfatizou a promotora Themes Costa, em entrevista à TV Jornal.

"Foram apresentadas provas robustas da execução do crime pelo Wellington, conhecido como 'chave de cadeia', que é um assassino contumaz. E, embora ele tenha sofrido várias acusações de homicídios no interior, foi absolvido em alguns plenários do tribunal. Porém, desta vez, o Ministério Público tem a expectativa, até mesmo pela demonstração das provas de hoje para os jurados da capital, que ele seja condenado por esse bárbaro crime que vitimou três defensores dos direitos humanos e uma família despedaçada que é a família da criança Ana Cláudia", comentou o promotor Daniel Ataíde.

Busca por justiça

A família do conselheiro tutelar José Daniel Farias Monteiro compareceu ao plenário para acompanhar o júri e clama por justiça. "Esperamos que ele seja punido e que pegue um bom tempo de cadeia. É o que a gente quer e o que ele merece, pois esse bandido destruiu a vida da minha família e a de outras famílias também", disse Antônio Barbosa, pai do conselheiro.

Já o filho de Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos espera que, com a condenação do responsável pela chacina, ele possa tirar esse fardo que carrega há anos de sofrimento.

"Há nove anos que buscamos justiça. Desde o início de todo esse processo que minha família vem acompanhando e a gente só vai parar quando realmente a justiça for feita. Tem sido um fardo muito grande nesses 9 anos... Espero que quando todos forem julgados e condenados esse fardo seja mais leve e, enfim, possamos dar o descanso eterno a todos que foram executados em Poção", disse Lindenberg Filho.

O julgamento terá continuidade nesta terça-feira (27), a partir das 9h, quando terá o momento da fala das partes - Ministério Público e defesa -, podendo ter réplica e tréplica. E, logo após, será proferida a decisão do júri e a leitura da sentença.

Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco, outros sete suspeitos de participação no crime ainda serão julgados, entretanto, ainda não há data prevista para isso ocorrer.

O caso

O crime ocorreu em 6 de fevereiro de 2015, no Sítio Cafundó, localizado na zona rural da cidade de Poção, no Agreste de Pernambuco. Neste dia, a criança de três anos - na época - estava na casa da avó materna, no município de Arcoverde, no Serão do Estado, e iria para a casa dos avós maternos.

A avó materna da criança, Ana Rita Venâncio, de 62 anos, foi buscá-la juntamente com os conselheiros tutelares Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, Carmem Lúcia da Silva e José Daniel Farias Monteiro. Porém, na volta para o Agreste, todos foram assassinatos - com exceção da criança.

De acordo com investigação da Polícia Civil, a avó paterna da menina de três anos, Bernadete de Lourdes Brito Siqueira Rocha, é a suspeita de ser a mandante do crime e de ter contratado o grupo de extermínio, pois tinha a intenção de ficar com a guarda da neta.

A tutela oficial da criança era do pai, José Cláudio de Britto Siqueira Filho, que não está entre os denunciados pelo crime por falta de provas de sua participação.

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS