IRREGULARIDADES

Auditoria descobre que 35 PMs no Grande Recife receberam pagamentos extras sem trabalhar

Em um dos casos, um soldado ganhou valores equivalentes a 44 plantões. Polícia Militar de Pernambuco está investigando

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Raphael Guerra

Publicado em 16/05/2024 às 10:58 | Atualizado em 16/05/2024 às 16:34
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Uma auditoria identificou que 35 policiais militares receberam pagamentos extras sem efetivamente participarem das escalas de plantões. Um documento interno, com a lista dos nomes e datas, foi encaminhado aos comandantes de sete batalhões de Pernambuco para que o caso seja apurado. 

O ofício é assinado pelo tenente-coronel Luiz Marques Viana Júnior, relator da auditoria. Nele, consta que os 35 policiais militares faziam parte da Operação Koban do 17º Batalhão (com sede em Paulista, no Grande Recife) e que, entre os anos de 2022 e 2023, receberam pagamentos referentes às cotas do Programa de Jornada Extra de Segurança (PJES) de forma irregular. 

A Operação Koban foi criada como forma de aproximar os policiais militares das comunidades. Em Paulista, eles atuam em Maranguape I e Jardim Maranguape. 

Ao todo, 378 pagamentos foram realizados sem que os policiais tivessem participado desses plantões. Cada cota tem valor fixo de R$ 200. 

Há, por exemplo, o caso de um soldado do 17º BPM que recebeu quantias equivalentes a 44 plantões, ou seja, R$ 8,8 mil sem trabalhar. Outro cabo recebeu pagamentos por 36 cotas. 

Além do 17º Batalhão, estão incluídos na lista policiais lotados no 2º Batalhão (sede em Nazaré da Mata), 4º Batalhão (Caruaru), 18º Batalhão (Cabo de Santo Agostinho), Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma), Batalhão de Polícia da Guarda (no Recife) e Centro de Reeducação da Polícia Militar (Abreu e Lima). 

A auditoria foi determinada pelo subcomandante geral da Polícia Militar de Pernambuco, o coronel Cláudio Ricardo Gonçalves Lopes.

Em nota à coluna Segurança, a assessoria da Polícia Militar informou que "foi aberta uma Investigação Preliminar para apurar os fatos, com prazo para defesa dos policiais citados no relatório da auditoria, que é realizada mensalmente e, diariamente, monitorada".

35 PMs receberam pagamentos extras sem trabalhar no Grande Recife, segundo auditoria. Confira!

IRREGULARIDADES NO PJES EVIDENCIAM NECESSIDADE DE MUDANÇAS

A descoberta de pagamentos indevidos, durante auditoria, evidencia a necessidade mudanças no controle do PJES. Em dezembro do ano passado, um grupo de trabalho foi criado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) para discutir o assunto. 

Não são recentes as denúncias de falta de controle nos pagamentos e de que parte dos profissionais da segurança recebe valores sem efetivamente participar dos plantões. O resultado da auditoria é uma prova disso. 

O PJES, destinado aos policiais de Pernambuco que aceitam trabalhar em plantões extras nos dias de folga, foi instituído por decreto em 1999, pelo então governador Jarbas Vasconcelos, como forma de ampliar a segurança nas ruas e nas delegacias, por causa do déficit histórico - e permanente - de efetivo.

Atualmente, em Pernambuco, o Portal da Transparência prevê um mínimo de 27 mil policiais militares. Mas só há pouco mais de 16 mil na ativa. Há déficit em todas as operativas, como Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Científica.

Faz alguns anos que os policiais - principalmente os militares - reclamam que são "obrigados" pelos comandantes a participarem do PJES, sob ameaças de transferências para outros municípios. Eles reclamam das jornadas exaustivas e do baixo valor pago pelas horas extras.

 

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