A falta de segurança nas unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) volta a ser evidenciada em uma nova fuga em massa. Desta vez, seis adolescentes conseguiram quebrar cadeados com facilidade e fugiram no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, na noite do último sábado (20).
A informação foi confirmada pela assessoria da Funase, por meio de nota, nesta segunda-feira (22). "A equipe da unidade realizou todos os procedimentos em relação ao ocorrido, o qual não registrou feridos. Com o apoio da Polícia Militar, um socioeducando foi encontrado e as buscas pelos outros jovens continuam. A unidade encontra-se normalizada", disse a assessoria.
A unidade de Garanhuns tem histórico de fugas em massa. Em 25 de março, oito socioeducandos saíram pela entrada principal após um tumulto seguido de incêndio. Na ocasião, adolescentes queimaram cadeiras e colchões, além de outros objetos. Um agente socioeducativo ficou ferido e precisou de atendimento médico no Hospital Regional Dom Moura. Após o episódio, o diretor e uma gerente da unidade foram exonerados.
A unidade tem capacidade para 40 adolescentes entre 12 e 18 anos. Nesta segunda-feira, havia 34.
FUGAS EM MASSA SÃO CONSTANTES
Relatórios internos, analisados pela coluna Segurança, revelaram que 110 adolescentes fugiram das unidades de internação da Funase entre janeiro de 2023 e maio deste ano.
Os relatórios internos da Funase indicam que as fugas em massa se repetem sempre nas mesmas unidades, mas não se criam soluções para evitá-las. Em abril do ano passado, sete socioeducandos se evadiram do Case de Vitória de Santo Antão, na Mata Sul do Estado. No mês seguinte, outros sete.
Já entre janeiro e maio deste ano, conforme relatórios internos, mais 27 adolescentes saíram dos centros de internação do Estado. O número de junho, fechando o semestre, ainda não foi atualizado.
Fevereiro do ano passado foi o único mês da gestão Raquel Lyra em que não houve fugas nas unidades de internação.
Nas unidades de semiliberdade, voltadas aos socioeducandos que cometem atos infracionais de menor gravidade, evasões também são constantes. Foram 100, somente entre janeiro e maio de 2024.
ATO INFRACIONAL POR ROUBO É O MAIS PRATICADO
De acordo com estatísticas da Funase, atualizadas em maio, 24,9% dos adolescentes apreendidos praticaram ato infracional equivalente ao crime de roubo. Outros 22,2%, homicídio. Em terceiro lugar, com 21,8%, tráfico de drogas.
Atualmente, há 444 internos cumprem medidas socioeducativas na Funase do Estado. A capacidade atual é de 777 vagas.
A governadora Raquel Lyra conhece bem as dificuldades enfrentadas na Funase. Entre 2011 e 2012, ela foi a titular da Secretaria Estadual de Criança e Juventude (governo Eduardo Campos).
No período, com unidades de internação superlotadas, vários casos de rebeliões foram registrados, inclusive com decapitações de socioeducandos na unidade do Cabo de Santo Agostinho.