Golpe do Pix: Presidiários ligavam para vítimas e cobravam dinheiro com ameaças de morte

Polícia Civil identificou ao menos 12 vítimas no Grande Recife. Entre 2021 e 2022, grupo criminoso conseguiu arrecadar R$ 1 milhão

Publicado em 03/12/2024 às 14:18 | Atualizado em 03/12/2024 às 14:22
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Investigação da Polícia Civil de Pernambuco identificou que uma facção, formada sobretudo por presidiários, estava aplicando golpes por telefone, exigindo dinheiro das vítimas com ameaças de morte. Eles conseguiam os dados das pessoas por meio de pesquisas em redes sociais. Nesta terça-feira (3), uma operação prendeu um casal suspeito de participação no crime

De acordo com o delegado Adyr Martens, o grupo movimentou R$ 1 milhão entre os anos de 2021 e 2022. Só no Grande Recife, 12 vítimas foram identificadas - a partir de queixas prestadas à polícia. 

Dois mandados de prisão preventiva foram cumpridos na Operação Chamada Restrita, mas 15 suspeitos são investigados. Um dos presos foi um homem de 33 anos, que aplicou os golpes de dentro do Presídio de Igarassu, no Grande Recife, em 2022. O mandado foi cumprido em São Paulo, onde ele estava foragido depois de ser solto no ano passado. A mulher dele, de 27, foi presa em Igarassu. 

"O modus operandi dessa quadrilha era a grave ameaça. Eles arrecadavam informações de redes sociais e de outros cadastros que ainda estamos investigando e entravam em contato com as vítimas, imputavam a elas denúncias, como se elas fossem 'delatoras de crimes' e ameaçavam matá-las, caso não pagassem. Isso gerava um grande medo. Algumas faziam Pix para tentar que suas vidas fossem preservadas", explicou o delegado. 

Vítimas de todo o Brasil foram identificadas ao longo da investigação, iniciada em 2022. As quantias pagas variam, em média, de R$ 200 a 400. "Muitas pessoas fizeram dívidas para fazer as transferências bancárias por medo. Só quando não aguentavam mais as ameaças, procuravam a polícia", contou o delegado. 

Com a operação, a Justiça determinou o bloqueio de ativos financeiros de R$ 1 milhão. O grupo de investigados deve ser indiciado por crimes de organização criminosa, extorsão e lavagem de dinheiro. 

FICHA CRIMINAL

Segundo Adyr, o casal preso tem passagem pela polícia. "O homem por crimes como tráfico de drogas e homicídio. Ela tentou entrar presídio com celular duas vezes, tráfico de drogas e até maus-tratos a idosos", disse. 

O suspeito, ao receber a liberdade em 2023, teria ingressado em uma facção especializada no tráfico de drogas com forte atuação em Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco.

Na prisão efetuada nesta terça-feira, ele preferiu ficar calado. Já a mulher, segundo a polícia, alegou que não estava mais casada com ele e que emprestava sete contas bancárias, mas não teria conhecimento do que ele fazia. 

ORIENTAÇÕES À POPULAÇÃO

Diante dos golpes cada vez mais comuns por telefone, o delegado deu orientações para que as pessoas não se tornem vítimas. 

"A Polícia Civil orienta que as pessoas preservem o máximo possível pelo menos da sua vida íntima. Muitos dados pessoais estão disponíveis na internet, o que facilita o contato de criminosos", alertou. 

"Geralmente, o bandido não vai ligar para a pessoa para informar que vai matá-la. Recebendo esse tipo de ligação, é importante você bloquear e não dar seguimento a esse tipo de conversa. Esse tipo de criminoso não vai ficar continuar entrando em contato, porque ele sabendo que a pessoa não deu cabimento. Ele vai tentar outra", disse. 

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